O Programa de Avaliação de Novos Veículos para a América Latina e o Caribe, Latin NCAP, publicou hoje seu primeiro teste de um Veículo Elétrico (EV). O JAC E10x, também chamado de EJS1 e E-S1, apresentou um preocupante desempenho zero estrela.
Como são avaliados os Veículos Elétricos?
A avaliação da segurança dos Veículos Eléctricos incide, tal como os veículos com motores de combustão interna, utilizam o mesmo Protocolo de Avaliação, independentemente do seu tipo de motorização. No caso dos Veículos Elétricos a Bateria (BEV), são avaliados outros aspectos como o risco de choque elétrico e os sistemas de corte da bateria. Além disso, durante a preparação do teste, algumas outras medidas devem ser consideradas, por exemplo, interruptores de corte de energia de emergência colocados em áreas de fácil acesso após o teste de colisão.
Normas de segurança para veículos elétricos
Em relação aos padrões de segurança para Veículos Elétricos, acontece o mesmo em relação a aos outros tipos de veículos testados, onde os padrões de segurança na América Latina e Caribe são muito fracos, estão pelo menos 20 anos atrás da Europa. Isso se reflete no resultado apresentado hoje pelo Latin NCAP, considerando também que os Veículos Elétricos devem, como qualquer outro automóvel, cumprir as normas de segurança.
Pode haver alguns requisitos adicionais para VEs que não são necessários para veículos de combustão interna, como o interruptor de corte de emergência para evitar o risco de choque elétrico. O JAC não cortou sua energia após o teste frontal como deveria ter feito se o corte de energia de emergência estivesse presente e funcionando corretamente. Também no impacto lateral, o sistema de corte indicou que foi ativado, mas o carro ainda era dirigível e em movimento, portanto a bateria ainda estava conectada e funcionando.
Algumas Considerações Técnicas
Os BEVs são tipicamente mais pesados do que o mesmo veículo com motor de combustão interna, o que significa que a dinâmica em um teste de colisão, bem como o desempenho de direção, como Controle Eletrônico de Estabilidade (ESC), Frenagem Autônoma de Emergência (AEB) e outras tecnologias ADAS são afetados por uma massa maior e diferentes centros de gravidade. As estruturas devem ser desenvolvidas para manter sua resistência a colisões com massa maior, assim como as estruturas devem ser desenvolvidas para evitar danos às baterias ou qualquer outra fonte de energia para o powertrain elétrico. A maior massa, assim como sua posição no veículo, afeta a dinâmica em um crash test, assim como seu desempenho em dinâmica real nas ruas. ESC, AEB e Lane Support Systems (LSS) podem precisar ser configurados para executar o mesmo com um veículo mais pesado. Freios e pneus também são afetados quando a massa de um veículo aumenta e o centro de gravidade muda, e o desgaste dos pneus durante o teste, que não é padrão na região, foi tão forte que em determinado momento precisou ser interrompido.
Alejandro Furas, secretário-geral do Latin NCAP disse:
“A versão elétrica do JAC E10x, também chamada de EJS1 ou E-S1, é usada como táxi no México. O Latin NCAP compartilha preocupações ambientais em todo o mundo e está alinhado com todas as iniciativas relevantes para reduzir as emissões de CO2, mas isso não deve ser motivo para negligenciar a segurança veicular. Não deve ser uma questão de “limpo ou seguro”, ambos os aspectos são relevantes e não devem competir entre si. Os objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU indicam tanto a segurança quanto o meio ambiente como aspectos relevantes. Por esta razão, a condição de "amigo do ambiente" não deve ofuscar a relevância da segurança veicular. Existem muitos modelos em todo o mundo que têm emissões zero e oferecem desempenho de segurança muito melhor do que este modelo JAC.”
Saul Billingsley, Diretor Executivo da FIA Foundation disse:
“É profundamente decepcionante ver os fabricantes aproveitarem o crescimento lucrativo do setor de veículos de baixa emissão em detrimento da segurança. O dano causado pelos veículos de combustão interna é triplo: ferimentos violentos em colisões, poluição tóxica do ar e impacto climático de longo prazo, mas a melhoria em uma área não deve ocorrer à custa de outra. Os veículos elétricos podem e devem ser projetados para serem seguros, limpos e ecológicos”.
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