A Volvo vem vivendo anos de muita vitalidade comercial, no Brasil e no mundo. Olhando particularmente para o mercado brasileiro, o número de veículos emplacados não para de crescer, e a fabricante sueca vem superando suas concorrentes germânicas no seleto mercado das chamadas marcas premium, e terminando o primeiro mês de 2021 ameaçando a líder BMW.
Para valorizar, ainda mais, o feito da marca escandinava, recordamos que até agora ela competia com três gigantes que tinham produção local de alguns dos seus modelos. Atualizando, a Mercedes-Benz informou o mercado recentemente que parou sua produção de automóveis na planta brasileira, e a Audi tudo indica vai suspender a produção em São José dos Pinhais do único modelo que era montado no Brasil, o A3, sendo previsto no futuro a chegada da nova geração do modelo também via importação, como todo o restante lineup disponibilizado pela marca das quatro argolas por aqui. Com isso, a BMW é, atualmente, a única das alemãs a ter produção local, com versões do 320i e alguns modelos da sua linha de SUVs.
A Volvo Cars Brasil fechou 2020 com 7 701 unidades emplacadas no Brasil (números da Fenabrave), superando a Audi, com 6 953 e a Mercedes-Benz com 6 825. A BMW conseguiu manter sua hegemonia acumulando 12 429 veículos comercializados e sendo ela o próximo objetivo a ser alcançado pela operação local da Volvo Cars. Mas se a liderança frente a uma marca que tem uma vasta linha de modelos e versões como a BMW parece ser algo difícil, para alguns até improvável, os números do primeiro mês do ano provam que talvez esse horizonte não esteja tão distante assim, já que com 645 unidades, a Volvo ficou relativamente perto dos 796 veículos emplacados da BMW e deixando Audi (457) e Mercedes-Benz (451) bem mais distantes.
Este desempenho nos leva a algumas reflexões. Uma delas, e talvez a mais obvia e abrangente de todas elas, é que a Volvo tem hoje uma linha de produtos que agrada muito ao cada vez mais exigente público. Segurança, conforto, esportividade, tecnologia e naturalmente, produtos cada vez mais eficientes em termos energéticos, são todas elas características muito bem harmonizadas nos produtos suecos, sendo este pacote de características algo já enraizado na cabeça do cliente e responsável pelo crescimento global da Volvo Cars, especialmente na última década.
Outra questão, e esta bem mais local, é que a operação comercial de uma marca que não produz veículos no Brasil, pode ser extremamente eficiente e eventualmente até mais lucrativa que outras com fábricas instaladas. Embora sujeita a inúmeras variáveis como taxas de câmbio, problemas na produção, logística, entre outras, no caso do atual momento econômico e social do Brasil esses fatores só servem para reforçar, ainda mais, o bom desempenho, já que como sabemos o dólar está nas alturas e a logística mundial em momento crítico devido às restrições para o combate ao Covid-19.
E apesar de tantas variáveis, e no momento mais desafiante para a indústria automobilística mundial, a Volvo consegue, também no Brasil, não só ganhar espaço entre os seus concorrentes, como ainda aumentar seus volumes, se consolidando de forma preponderante como um importante jogador na transformação para a mobilidade eletrificada, sendo uma das vanguardistas na hibridização de toda a sua linha de produtos, e já preparando o terreno para a chegada de modelos totalmente elétricos. A marca vem acertando no timing dos seus lançamentos, na atualização gradativa da sua linha de produtos e conseguindo ter uma operação local com altos índices de eficiência, sendo os números apenas uma forma de expressão “fria” de um processo complexo que é realizado por pessoas que vêm sendo capazes de superar desafios, criar soluções e planejar de forma muito eficaz uma operação tão desafiante como é a importação de automóveis. O próximo objetivo da Volvo é a liderança nacional no segmento de veículos premium, o que após esta breve reflexão não parece estar tão distante assim.
Opinião de Artur Semedo sobre o mercado de veículos, mobilidade e transporte, sempre aos domingos no portal da Revista Publiracing.
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