Motovelocidade: Você sabe o custo de uma temporada no MotoGP?
- Redação Publiracing
- 1 de jan. de 2021
- 4 min de leitura

Uma matéria muito interessante foi publicada no Autoclube em Portugal, e a propósito do grande sucesso do piloto local Miguel Oliveira, que venceu duas provas na temporada 2020, uma delas dominando por completo, conquistando a pole e vencendo de forma superior, e logo na prova disputada em casa, no circuito do Algarve. Esse sucesso ao longo da temporada levou mesmo o piloto português a ser anunciado a em julho como piloto da equipe principal da KTM na temporada 2021. Por isso mesmo, achamos muito relevante deixar aqui parte do conteúdo da pesquisa, já que mostra valores que muitas vezes são difíceis de quantificar, ajudando assim o leitor a entender quanto se gasta numa temporada da principal categoria da motovelocidade mundial.
Correr no MotoGP não está ao alcance da maioria dos pilotos, quer pela capacidade quer pelos montantes envolvidos. Segundo um levantamento efetuado pelo RACC, optar por competir com uma moto “satélite” pode custar qualquer coisa como mais de dois milhões de euros por temporada, isto sem contar com todas as outras despesas, como equipamentos, staff e logística.
No caso de uma equipe oficial de fábrica, o orçamento sobe para mais de três milhões de euros. A tremenda evolução do MotoGP nos últimos anos é, desde logo, o maior fator de inflação dos números.
Desde a era dos 500 cc a dois tempos, até à chegada em 2002 das 990 cc a quatro tempos e posteriormente das 800 cc, o aparecimento das 1.000, em 2012, e a eletrônica permitiu uma redução de custos e uma maior igualdade, pelo menos ao nível das equipas satélite. Estas motos superam os 360 km/h, com 250 cv e pesam apenas 150 kg, sendo que na atípica temporada de 2020 a igualdade de oportunidades nunca esteve tão próxima dos talentos naturais.

A moto
Mas afinal qual é o preço para competir com garantias no mundial de motovelocidade? Uma MotoGP oficial supera os três milhões de euros por temporada, sem contar com os custos de desenvolvimento da moto.
Para as equipes satélite, o preço do aluguel das duas motos necessárias por piloto para competir é mais baixo, ainda assim sempre acima de dois milhões de euros. Um valor que conta com algumas evoluções das marcas, mas que não incluí peças de reposição.
Por partes, o preço de um motor oscila entre 200 e 250 mil euros de acordo com o fabricante, sendo que o mais dispendioso são as substituições das caixas de câmbio seamless, um componente que surgiu nas últimas temporadas e que sozinho custa 650 mil euros.
O sistema eletrônico, com sensores, cabos e painel, rondam os cem mil euros. Por exemplo, o painel custa 2.500 € e nenhum componente eletrônico fica por menos de mil euros. O sistema de freios é outra das peças mais caras de uma MotoGP. De acordo com o regulamento da Federação Internacional de Motociclismo, o preço de um kit de freios dianteiro composto por três pares de pinças, 10 discos de carbono, três cilindros e 28 pastilhas está fixado em 70 mil euros, aos quais tem que se somar o restante das peças necessárias para competir ao longo da temporada.
O único componente que não é pago são os pneus. O fornecedor oficial, a Michelin, distribui um total de 22 pneus slick por piloto a cada GP: 10 para a roda da frente e 12 traseiros nos três tipos disponíveis (macios, médio e duro), conseguindo um jogo adicional em caso de participar nas duas sessões de classificação. Em caso de chuva, os pilotos dispõem de 13 pneus apropriados (6 dianteiros e 7 traseiros), havendo lugar a um jogo extra caso chova em pelo menos quatro sessões de sexta e sábado. A isto se juntam as rodas em fibra de carbono, com um preço de 4.000€ por unidade.
A todos estes números há que somar a possibilidade de uma queda, o que pode custar à equipe entre 15 a 20 mil euros em reparações com a substituição da carenagem, peças de apoio para pés ou manetas de freio, entre outras peças mais comuns de serem danificadas em quedas não muito violentas. E se a queda for grave é melhor contar com cem mil euros para a troca de outros componentes, como rodas, disco de freios, radiadores, etc. No caso de haver danos estruturais, ao nível do chassi, eletrônica ou suspensão, a fatura ultrapassa facilmente o meio milhão de euros. Daí que o orçamento anual se estime em cerca de 3,5 milhões de euros.

A equipe
Uma equipe de assistência conta com 30 a 40 elementos durante as 19 provas do campeonato. Significa que há que contar com mil a 1.500 euros para deslocações por pessoa por Grande Prémio, dependendo do destino, a que é preciso somar o chefe de equipe, pilotos e restante staff. Ou seja, neste capítulo há que contar com cerca de 35 mil euros de despesas por pessoa durante uma temporada. Os salários dos pilotos podem oscilar entre os 200 mil euros até 15 milhões de euros, valor que supostamente cobra o oito vezes campeão do mundo Marc Márquez.
À hospitality de cada prova somam-se dois milhões de euros por temporada, um elemento chave para a relação com os parceiros e patrocinadores, e que desde há algumas épocas se tornou peça fundamental para a imagem das marcas. A isto há que juntar ainda os caminhões e combustível para deslocações e demais apoio logístico especialmente quando as provas são disputadas na Europa.
Patrocínios
As equipes recebem 2,5 milhões por piloto através dos direitos televisivos da Dorna, promotora do mundial. Segundo a RTR Sports Marketing, o patrocínio total de uma equipa oficial ronda os 12,2 milhões de euros por temporada, variando as condições de acordo com os resultados e uso da imagem da equipe. Este valor oscila naturalmente de acordo com o posicionamento do team, entre um top5 e um top10, e entre dois e seis milhões no caso de uma equipa satélite. Um parceiro menor pode ter sua imagem numa moto de fábrica com contratos de marketing de dois a quatro milhões, enquanto numa equipe privada já é possível garantir exposição a partir dos 200.000€.
Preço total
A soma de todas estas parcelas, mais outros gastos aqui não descritos, faz com que o orçamento anual de uma equipe media de MotoGP ronde os 15 milhões de euros. No caso de um team oficial de fábrica, o orçamento pode ultrapassar os 40 milhões, tendo em conta que estes dependem de uma marca que tem de projetar, desenvolver e evoluir as suas motocicletas.
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