Que os veículos elétricos mais cedo ou mais tarde irão dominar o cenário mundial, isso ninguém duvida. O ponto de interrogação está na velocidade em que a indústria irá convergir para eletrificação nos diferentes e variados mercados espalhados pelo mundo. No Brasil a situação ainda está indefinida, porém já há indícios através dos últimos acontecimentos. Vamos aos fatos para depois sugerirmos conclusões.
Nos últimos anos e especialmente em 2020 e 2021, não levando em consideração efeitos sociais e mudanças comportamentais durante a pandemia, a quantidade de lançamentos de EVs no Brasil foi bastante significativa. Audi e-tron, e-tron S Sportback, RS e-tron GT e Jaguar I-Pace foram lançados no segmento premium, que já tinha o BMW i3 como representante. Porsche não ficou para trás e trouxe os modelos Taycan. Mas vale lembrar que antes dos veículos de categoria superior a Nissan já havia trazido o Leaf a Renault o Zoe e a Chevrolet o Bolt EV, além da JAC que também já tinha representes elétricos.
Em 2021 foram anunciados uma enxurrada de novos EVs: Renault Zoe em nova geração, Fiat 500e Mini Cooper S E, JAC E-JS4, Volvo XC40 e Peugeot 208 e-GT são apenas alguns exemplos. Todos eles já com boas expectativas de vendas. E se formos ainda mais adiante, a Mercedes trará uma versão PHEV do classe C para seu portfólio. Ou seja, a eletrificação já está batendo a nossa porta. E já começa a aparecer especialmente nos grandes centros como São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba.
OK, os volumes ainda são pequenos e os preços acima dos 200 mil reais ainda são um forte impeditivo para a maioria dos compradores. E devemos considerar também que algumas montadoras como a Volkswagen apostam na solução de desenvolvimento local de tecnologias no etanol e motores bicombustíveis. Já outras pretendem seguir com a hibridização juntamente com a eletrificação em casos de veículos mais urbanos.
Podemos seguir a passos lentos com introdução de EVs por esforços isolados de fabricantes, fazer investimentos em massa para a eletrificação ou seguir no modelo híbrido, onde os EVs convivem com os modelos flex. Ora, se não queremos ficar para trás no ponto de vista tecnológico, devemos permitir e aceitar todas as possibilidades que o país pode oferecer de solução para os usuários. Lembre-se que a matriz energética brasileira é, em grande parte, proveniente de hidroelétricas. Temos uma disponibilidade de terras férteis e oferta sem igual em relação aos combustíveis de origem vegetal como o etanol e o biodiesel. Paralelamente nossa geografia é vasta e a pluralidade regional é das maiores que se encontram no planeta.
Com todas essas singularidades, o Brasil nos permite avançar inicialmente no segmento de veículos flex para os modelos de entrada e de maior volume, veículos híbridos e híbridos plug-in nos segmentos intermediários e segmento de luxo e, ainda, arriscar a eletrificação total para modelos urbanos e segmento premium. Se seguirmos neste caminho, certamente teremos know-how tecnológico e poderemos nos adequar gradativamente aos elétricos. Porém devemos nos atentar que é necessário o esforço, não só da iniciativa privada, mas dos órgãos públicos para no futuro usufruirmos de uma infraestrutura adequada e condizente com a grande extensão territorial do nosso país. O planeta e a mobilidade agradecem!
Parabéns pela matéria ! A eletrificação seguira o caminho como a agua entre as pedras, porem desde a década de 80 nossos governos nunca contribuíram para o desenvolvimento aquisição de tecnologia que estimule uma industria made in BRAZIL para autos.