Felipe Nasr é o campeão do IMSA SportsCar 2024.
O brasileiro da Porsche Penske Motorsport apoiado pela Stuttgart Porsche chegou ao seu terceiro título, o primeiro pela equipe atual. Nasr juntou-se à Porsche em 2022, já recrutado para desenvolver o Porsche 963, o carro que ele pilota desde 2023. Nasr e o estadunidense Dane Cameron, seu parceiro no Porsche 963 número 7, largaram na última prova de 2024 (a Petit Le Mans, realizada no sábado, 12/10, no autódromo Road Atlanta, em Braselton, na Geórgia) precisando terminar em nono lugar para comemorar o título. Receberam a bandeirada em terceiro, resultado mais que suficiente para assegurar à Porsche Penske Motorsport todos os troféus em disputa.
Nasr e Cameron levaram o título graças a uma campanha consistente: em nove corridas, venceram duas (24 Horas de Daytona, uma das mais tradicionais e importantes do automobilismo mundial, e 6 Horas de Watkins Glen) e terminaram outras cinco em segundo ou terceiro lugar. A Porsche Penske Motorsport, por sua vez, ficou com todos os títulos em disputa na classe GTP: pilotos, equipes e fabricantes. Esse quadro se repetiu no Endurance Cup, uma pontuação apurada de acordo com a soma das classificações provisórias das corridas nos estágios intermediários (4, 6, 8, 12 e 18 horas) mais as respectivas classificações finais.
A campanha vitoriosa e a parceria com a Stuttgart Porsche são os temas da entrevista a seguir, concedida por Nasr na tarde desta segunda-feira (14/10).
Esse título deve ter uma importância imensa para você, que vem acompanhando o projeto do Porsche 963 desde o começo e ajudou a desenvolvê-lo. O que você pode falar sobre isso?
Nasr – Para mim, foi uma conquista grandiosa, de sonho mesmo. A Porsche Penske Motorsport me contratou no começo do projeto do Porsche 963, e desde o momento em que ingressei na equipe eu sinto a responsabilidade e tenho o desejo de entregar resultados e preencher as expectativas. Vi o Porsche 963 nascer. Levá-lo à vitória e alcançar todos os títulos possíveis da temporada da IMSA é uma das maiores conquistas da minha carreira.
Na corrida final, a Petit Le Mans, você e o Cameron precisavam chegar em nono para serem campeões. Vocês largaram pensando em vitória, sem se preocupar muito com o título, ou resolveram adotar um ritmo mais conservador para obter o resultado necessário? Qual foi a estratégia adotada para aquela situação?
Nasr – O foco para a última etapa foi igual ao das outras. Claro, a gente tinha uma boa margem de pontos e no começo da prova conseguimos nos posicionar bem. Além do título da temporada, também pensávamos nos campeonatos do Endurance Cup. Uma vez que, no decorrer da prova, percebemos que já tínhamos pontuação para conquistar o título, fomos para cima para tentar ganhar a corrida também.
Como vocês lidaram com os momentos de evetual incerteza durante a corrida? Estava realmente tudo controlado, como pareceu para quem estava de fora, ou houve algum momento mais tenso?
Nasr – No momento em que já podíamos dar tudo para tentar ganhar a prova, infelizmente, houve uma falha em um dos sensores que controlam a potência do carro. Perdemos mais de 45 segundos na pista porque ele não desenvolvia a potência máxima. Conseguimos resolver isso trocando alguns sensores em uma das paradas, mas perdemos uma volta. Passamos a tentar recuperar essa volta, mas aí o disco de freio dianteiro esquerdo começou a ter um consumo altíssimo. Tivemos que gerenciar esse desgaste para não precisar fazer uma parada para trocar o disco. Diante de tudo isso, o terceiro lugar na Petit Le Mans foi um grande resultado.
Qual foi o momento mais importante do campeonato para você?
Nasr – A vitória nas 24 Horas de Daytona, abertura da temporada, foi um momento em que aconteceu uma “virada” na equipe, tanto operacional quanto de performance. Nós, pilotos, entendemos o funcionamento do 963. Essa vitória pavimentou o nosso caminho para o restante do ano. Eu e o Cameron vencemos em Daytona e em Watkins Glen, tivemos um ano muito consistente e só não chegamos ao pódio em duas provas. Em Detroit eu tive um pneu furado, mas conseguimos nos recuperar e terminar em quarto. E em Indianápolis a direção hidráulica falhou. A experiência fez a diferença, e ter dividido o carro com um piloto experiente como o Cameron também foi fundamental. E não posso deixar de mencionar o Matt Campbell (correu em Daytona e na Petit Le Mans) e o Josef Newgarden (quarto piloto do carro número 7 em Daytona).
Sua parceria com a Stuttgart Porsche completou dois anos. Qual é a importância dela?
Nasr – Olha, representar a Porsche e a Penske e escrever esse sucesso com eles é algo incrível. E levar o nome da Stuttgart ao alto do pódio também é. Celebrar esta conquista com a Stuttgart adiciona mais um sucesso à empresa. A Stuttgart tem uma história muito forte com a Porsche, tanto em carros de rua quanto em competições, e eu fico muito honrado por essa parceria. Mostra que temos todos os ingredientes do sucesso. Quero deixar meu agradecimento ao Marcel Visconde (presidente da Stuttgart Porsche), a todos os integrantes da empresa, a todos os que torceram por mim e aos clientes que de alguma maneira estiveram próximos a acompanharam as corridas. Tem que acreditar sempre. Tem tempo para tudo, e essa vitória veio na hora certa. Foi um ano para a história. Agora é hora de saborear a vitória e de começarmos a pensar em 2025!
A carreira de Felipe Nasr
Luiz Felipe de Oliveira Nasr nasceu em Brasília-DF em 21 de agosto de 1992 e começou a correr de kart aos sete anos de idade. Conquistou vários títulos no Brasil até passar para a Fórmula BMW, categoria na qual foi campeão europeu em 2009. Dois anos depois, tornou-se campeão na Fórmula 3 britânica.
Nasr fez duas temporadas na antiga GP2 antes de estrear na Fórmula 1 pela equipe Sauber. Fez duas temporadas na categoria (2015 e 2016) e em ambas obteve os melhores resultados de sua equipe. A partir de 2018, Nasr passou a se dedicar às corridas de longa duração, em especial às do IMSA SportsCar, e foi campeão já no primeiro ano em dupla com Eric Curran. O segundo título aconteceu em 2021, com o brasileiro Pipo Derani. E o terceiro (o primeiro pela Porsche Penske Motorsport) em 2024, em dupla com Dane Cameron.
Sete temporadas depois de enveredar pelo Endurance, Felipe Nasr já é um dos principais nomes das corridas de longa duração no automobilismo mundial. O SportsCar é um campeonato concentrado nos Estados Unidos, mas tem importância similar à do FIA WEC (Campeonato Mundial de Endurance). Tão importante que a unificação dos regulamentos técnicos, colocada em prática há dois anos, foi considerada crucial para a sobrevivência do próprio Campeonato Mundial.
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