Nossa equipe recebeu para teste duas das opções da linha Corolla, sendo que o modelo da Toyota segue sendo o mais importante sedã médio do mercado brasileiro, e sua recente atualização apenas serviu para reforçar, ainda mais, seu domínio.
Atualmente são três versões com o motor flex 2.0 de 177 cavalos, começando na GLi, com preço de referência de R$ 114.590, e ainda duas versões hibridas, com a mais completa sendo a Altis Hybrid Premium, com preço sugerido nas concessionárias de R$ 154.390. Foram precisamente estes dois “extremos” da linha do Corolla que recebemos para rodar alguns dias conosco e assim tentar interpretar o que continua fazendo do modelo japonês uma opção de invejável dinamismo comercial, sendo que com a chegada da nova linha os preços subiram para patamares bem mais altos, mas mesmo assim o público continua apostando no consolidado modelo para ser o carro da família.
O foco de nosso teste foi conhecer a base da linha Corolla através da versão de entrada, mas principalmente olharmos atentamente para a versão hibrida. É claro que os dias em que também rodamos com a versão GLi serviu para observar o que a Toyota interpreta como fundamental para o publico do modelo.
Apesar da preferência brasileira pelos SUVs, o Corolla viu saírem das concessionárias da marca 5017 unidades no mês de Novembro, sendo o 13º carro mais vendido no país, e deixando o segundo lugar no segmento para o distante Honda Civic com 2350 unidades emplacadas.
Se olharmos para o resultado do atípico ano de 2020, foram comercializadas, segundo os dados da Fenabrave, 36025 unidades do modelo, mais que o dobro do Civic, que totalizou apenas 17579 até final do 11º mês do ano.
Com a nova geração do Corolla a marca japonesa atualizou o modelo subindo a proposta de patamar, tanto em termos de tecnologia, como ampliando a faixa de preços das versões disponibilizadas, com isso seja qual for a versão escolhida, espaço, solidez e conforto são também atributos em todas elas.
Outra questão que sem dúvida reforça o status que o veículo tem no Brasil é seu preço de revenda, baixo índice de depreciação e alta aceitação no mercado de usados.
Mas vamos lá. O sedã médio ganhou mais corpo, ficou mais amplo, por fora e por dentro. Ficou também mais jovem, mais agressivo e até mais esportivo, tudo isso sem perder sua dose de sobriedade que tanto agrada ao público que geração após geração, opta pelo Corolla.
A ligação entre os três volumes da carroceria está agora bem mais atraente e fluida. Na frente o destaque vai para o acabamento Black Piano na grade inferior dianteira e o cromado na moldura superior dos vidros, com os espelhos retrovisores externos na cor da carroceria e eletrorretráteis automáticos com indicadores de direção e regulagem elétrica. As rodas de liga leve são de aro 17" com acabamento na cor preto brilhante e de design moderno, deixando a proposta bem atraente. Nas rodas são instalados pneus de medida 225/45 R17. Outro destaque visível na observação externa, é o teto solar elétrico, reforçando a exclusividade da versão mais completa do modelo e ampliando o bem estar no habitáculo.
Ausentes na versão de entrada, os faróis de neblina fazem parte do grupo ótico dianteiro da versão hibrida, que traz acendimento automático de faróis e lanternas em LED, além da assinatura diurna (DRL). Os faróis têm acendimento automático através do sensor crepuscular e vêm com sistema de comutação automática da luz alta, permitindo mais conforto na condução noturna.
Resumindo em números a envergadura do novo Corolla, são 4630 (mm) de comprimento, 1780 de largura, 1455 de altura e 2700 mm de entre-eixos. Já no porta malas são disponibilizados 470 litros de volume.
Olhando para o interior, desde a versão base é entregue amplo espaço interno, naquela que é uma das características mais reconhecidas do modelo. Já a versão hibrida adiciona conforto em doses mais generosas, fazendo chegar a proposta em níveis muito interessantes de bem estar interno e tecnologia, uma evolução clara em relação à anterior geração.
Como destaques no habitáculo, chama imediatamente a atenção o harmonioso conjunto de cores dos bancos e do acabamento interno, com partes revestidas de couro e material sintético nas cores bege e marrom. O painel central em Black Piano, difusores de ar com acabamento na cor prata e espelho retrovisor interno com antiofuscamento eletrocrômico fazem do interior da versão hibrida uma grande evolução em relação ao conservadorismo da geração anterior.
Outra grande evolução do novo Corolla na versão topo de linha é o sistema de multimídia, com tela sensível ao toque de 8", tem conexão para smartphones via Android Auto e Apple CarPlay, e está muito mais prático e rápido, deixando o entretenimento a bordo muito mais alinhado com as novas tendências em termos de praticidade nas opções da tela, sem esquecer que o sistema de áudio e sua distribuição no habitáculo também evoluiu consideravelmente.
Ainda em relação ao sistema de multimídia, uma referência para aquele que consideramos um ótimo posicionamento em termos de visibilidade e acesso, tanto para condutor como passageiro, e ainda uma nota de opinião bem pessoal, que são os práticos botões rotativos para sintonia do rádio e volume de áudio, uma solução com décadas de aplicação na indústria automotiva, mas que em nossa opinião continua sendo a forma mais eficaz de realizar este tipo de operação, tão comum em nossos momentos de interação com o veículo. Ainda aproveitando nosso olhar para a área central do painel frontal, referência para o ar-condicionado que é automático digital dual zone.
É claro que comandos no volante facilitam e trazem segurança, ao possibilitar, por exemplo, que o condutor mantenhas suas duas mãos no volante quando aumenta e diminui o volume, troca de faixa ou estação de rádio, ou até mesmo atende uma ligação telefónica, mas o bom e velho botão rotativo é algo que apreciamos, e muito, nos novos sistemas de multimídia que conseguem ser cada vez mais ágeis e intuitivos, mas que não deixam de lado a clássica e prática opção.
Antes de nos posicionarmos para dar partida ao sistema de propulsão hibrido, talvez a única grande ressalva que é ausência do freio de estacionamento eletrônico, já que em veículos deste porte (e preço) a tradicional alavanca do “freio de mão” além de roubar espaço, é esteticamente ultrapassada.
Mas voltamos ao que o novo Corolla tem de bom, que é, também, a possibilidade de conseguirmos uma ótima posição de condução através da regulagem elétrica para oito ajustes (altura, distância, inclinação e altura com distância) no banco do motorista, sem esquecer o passageiro ao nosso lado, que também tem ajustes elétricos para distância e inclinação .
Acionando o botão start/stop da ignição, se acende atrás do volante o atraente e colorido computador de bordo através do visor multifunção e tela TFT de 7,0” digital. Além das habituais funções fica também visível o útil indicador com o estado do sistema hibrido que mostra, além do nível de carga da bateria, toda a dinâmica de regeneração de energia através das desacelerações e frenagens.
Antes de entrarmos em questões relacionadas ao comportamento dinâmico, uma palavra para o ótimo pacote de itens de segurança, tecnologia e conforto entregues na versão topo de linha do Corolla. Para citar alguns deles, destacamos o assistente de pré-colisão, com alerta sonoro e visual e, se necessário, frenagem automática.
Também elogiável o conjunto de sete airbags (dois de cortina, um de joelho para motorista, dois frontais e dois laterais para motorista e passageiro), a barra de proteção no interior das quatro portas, controle eletrônico de estabilidade e tração, assistente de subida em rampa, sistema de alerta de mudança de faixa, controle de velocidade de cruzeiro adaptativo e sistema de alarme volumétrico e perimétrico. Além disso, acendimento automático de faróis e lanternas em LED e luzes diurnas (DRL) nas lanternas dianteiras, finalizando, como referido no inicio do nosso texto, com o sistema de farol alto automático.
Já falando da nossa percepção ao volante, fica evidente que o conjunto mecânico escolhido pela Toyota para o modelo Corolla no Brasil continua focando muito mais na confiabilidade em detrimento da esportividade, tanto nas versões iniciais com a motorização 2.0 Flex ou na hibrida topo de linha.
Claro que o conjunto mecânico hibrido composto pelo 1.8 Flex com 101 cavalos de potência no motor a combustão e 72 cv no motor elétrico, entregando torque de 14,5 Kgf.m no motor a combustão (abastecido 100% com etanol) e 16,6 Kgf.m no elétrico, é um passo em frente no segmento, e por isso mesmo alvo das preferências de quem olha o modelo como opção de escolha.
A Toyota foi uma das marcas que acertadamente investiu no sistema hibrido como “ponte” entre a propulsão como a conhecíamos até aqui, com motores de combustão interna, e o futuro da mobilidade, totalmente elétrico. Esta receita tem sido utilizada em diversos modelos, Toyota e Lexus, e ganhou um ingrediente a mais com o sistema hibrido Flex brasileiro, que amplia ainda mais a eficiência energética e o baixo nível de emissões da solução, não jogando fora os ótimos recursos e até baixos níveis de emissões da tecnologia flex que permite o consumo de etanol em nossos veículos de combustão interna, associando a eles o motor elétrico. Esta é uma opção que deveria ser vista pela montadoras e governos como opção forte a ser incentivada ao longo da próxima década, e ao longo dos próximos anos de transição, permitindo uma evolução considerável na necessária redução na emissão de poluentes, mas não abdicando de uma tecnologia brasileira de reconhecida eficácia.
Nos dias de contato com a versão hibrida, que privilegia o motor elétrico para manobras ou movimentos a baixa velocidade, nosso Corolla apresentou um resultado final com média de 14,2 km/l abastecido com gasolina, algo bem positivo o que deverá ser ainda melhor se o dia a dia do modelo for preferencialmente urbano, onde existe uma maior capacidade de regenerar energia pelas permanentes freadas e desacelerações. Como curiosidade referir que na versão hibrida o tanque de combustível é de 46 litros, sendo na versão 2.0 de motorização exclusivamente a combustão de 50 litros de volume, entregando também esta versão um bom resultado em termos de consumo médio, com 12,2 km/l de média em nosso circuito misto e também ele abastecido com gasolina.
Continuando nossa descrição ao comportamento dinâmico do Corolla, ele apresenta a um deslocamento de crescimento suave e linear, isto apesar da escolha para a transmissão ter sido o câmbio do tipo CVT, o que para alguns condutores pode ser algo incomodo em termos sonoros, além de naturalmente entregar menor dinamismo. No entanto, este tipo de transmissão se encaixa na filosofia do modelo, inovador, claro, na opção hibrida, mas ainda assim de desempenho conservador, muito na linha do quem tem sido a história do modelo por aqui. Fortalecendo esta percepção, e alvo de um ótimo trabalho de evolução em relação à geração anterior, destacamos a correta configuração da suspensão, utilizando a solução independente nas quatro rodas sendo do tipo McPherson na frente e multibraço na traseira.
O modelo mostrou-se muito mais envolvente em relação à absorção das irregularidades dos diversos perfis de piso pelos quais circulamos, ao mesmo tempo deixando o carro bem mais firme e estável em alta velocidade, sendo um dos pontos que evoluiu bastante na nova versão do modelo.
Mais duas referências positivas para itens de série em toda a linha Corolla. Primeiro para os freios, que são de disco nas quatro rodas, com os dianteiros a serem ventilados e os traseiros sólidos, se mostrando sempre muito eficazes para frear os 1440 kg de peso da versão hibrida ou 1375 kg da versão de entrada GLi. Outra nota positiva é para a direção, de assistência elétrica em todas as versões, muito precisa e rápida, deixa o condutor confiante e bem confortável para qualquer tipo de ação com o sedã japonês, tanto nas rotineiras manobras urbanas, bem como em estrada, onde é necessária alguma rigidez.
Conclusão do editor – O Toyota Corolla evoluiu em toda a linha, seja em questões técnicas e dinâmicas como também em termos de design. Na esportividade não mudou praticamente nada em relação ao anterior posicionamento, optando a marca por focar no publico conservador que olha muito mais para questões como espaço, segurança e confiabilidade do produto, no entanto com a versão hibrida ele eleva seu status através da tecnologia que lhe permite ser diferenciado no segmento, e que somado a requinte no acabamento e uma dose elevada de itens de conforto, lhe dá confiança para encarar com fortes argumentos os produtos das chamadas marcas Premium. Um carro que evoluiu e cresceu sem perder sua essência e que tem argumentos de sobra para se manter como dominador no segmento.
Ainda como nota importante, e para fechar nossa matéria, referir que a marca japonesa anunciou recentemente a disponibilidade para o primeiro trimestre de 2021 de uma versão de visual mais esportivo com a assinatura da área e competição da Toyota, a Gazoo Racing, versão que vai ampliar ainda mais a lista de opções da linha, com “piscar de olhos” para um publico mais jovem e que gosta de referências esportivas no visual do seu carro, ainda que tecnicamente apenas ajustes tenham sido realizados na versão que lhe serve de base, a 2.0 Flex de 177 cv. A promessa é que tanto suspensão, como transmissão e motor ganharam configurações mais de acordo com a proposta que vai chegar nas lojas com o nome de GR-S.
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