A nossa equipe recebeu aquela que é uma das mais desejadas picapes médias do mercado brasileiro. No entanto, a Nissan Frontier não tem comercialmente um desempenho que represente um paralelo, tanto com a sua qualidade como produto no segmento, como ainda no referido índice de aceitação pelo público.
Ela é apenas a quinta opção mais vendida no segmento, tanto no mês de outubro, como no acumulado do ano. Detalhando, foram 945 unidades saídas das concessionárias da marca no 10º mês do ano, e 6386 ao longo de 2020. A picape da Nissan tem uma disputa muito próxima com a Mitsubishi L200 ficando ainda atrás da Ford Ranger e das lideres incontestadas Chevrolet S10 e Toyota Hilux.
Em ano de grandes desafios para a indústria automobilística, fatores que envolvem todo a atividade comercial são de grande importância para manter em alta o interesse do público e levar o cliente a adquirir um produto especifico. Fatores distintos como extensão da rede de concessionárias e sua posição geográfica, sua forma de atuação, e claro, as características do produto e seu preço, condicionam o desempenho na hora de vendar mais, ou menos, podendo o preço ser um fator determinante para este resultado.
Semanas atrás quando realizamos nosso teste, a versão avaliada por nós, a XE, tinha preço sugerido no site da marca de R$ 196.690, já na hora de fechar esta matéria o preço é de R$ 207.490, um aumento de 11 mil reais. Sabemos que todas as marcas estão realizando ajustes em seus preços, já que a alta do dólar vem impactando na produção, sendo o preço do aço apenas um dos fatores que fizeram as fabricantes atualizarem suas tabelas, sendo este um dos fatores que pode condicionar o desempenho comercial do modelo.
Mas em nossa opinião o que mais condiciona no caso da Frontier é a não existência em seu lineup de versões 4x2 com motorizações Flex, ampliando o leque de opções do modelo o que reduziria consideravelmente o preço do produto em algumas delas, e mais importante, sem alterar seu status de picape média e sua principal característica associada, a robustez. Esse é talvez o principal motivo de a Nissan Frontier não ter um desempenho comercial como as lideres S10 e Hilux, ambas com versões 4x2 Flex, opções que representam volumes consideráveis de emplacamentos.
Mas vamos falar especificamente da Nissan Frontier, oferecida hoje em quatro versões distintas, todas 4x4, com inicio na manual S com preço de referência de R$167.290, a esportiva Attack, já com câmbio automático e vendida por R$189.690, a versão que mostramos neste teste, a XE, e ainda a topo de linha, atualmente vendida por R$228.490 e que adiciona ao pacote que vamos descrever abaixo, itens como as barras de teto longitudinais, o teto solar e a visão 360° na tela da multimídia que não fazem parte da opção testada por nós.
Esteticamente a Nissan Frontier é uma das que se apresentam com o aspecto mais robusto e até imponente, incorporando detalhes em cromado para reforçar sua posição de destaque no lineup do modelo e lhe entregar exclusividade.
Como principais dimensões destacamos os 5.264 (mm) de comprimento, 1.850 de largura, 1.826 mm de altura e distancia entre eixos de 3.150 mm. São ainda importantes referências, as medidas da área de carga na caçamba, com 1.509 (mm) de comprimento, 1.560 mm de largura em seu ponto de maior amplitude e 473 de altura máxima , permitindo 1.025 kg de capacidade máxima de carga.
Ainda quando observamos por fora a picape da Nissan ficam evidentes mais algumas características que antecipam seu ótimo comportamento dinâmico. Com ângulo de ataque de 30,3°, saída de 27,4° a inclinação máxima em subida de 23,2° e os 230 mm de vão livre em relação ao solo, a Nissan Frontier já mostra “para o que veio” antes mesmo de ligarmos o motor.
Ainda esteticamente, destaque para as rodas de liga leve 18" em alumínio onde são instalados pneus de medida 255/60R18, harmonizando com as diversas peças em cromado. São elas a grade frontal, as maçanetas das portas externas (e internas), moldura das portas, para-choques traseiro, e ainda os retrovisores externos (com ajuste e rebatimento elétrico e automático além de incorporar o indicador de mudança de direção em LED.
Terminamos nossa observação externa com o destaque para o imponente grupo ótico dianteiro que tem faróis e assinatura de condução diurna em LED e de acionamento automático pela luminosidade, os faróis de neblina evolvidos em moldura também ela cromada, tudo integrado no para-choque dianteiro na cor da carroceria. Ainda destacamos, ao bom estilo das grandes picapes, os estribos laterais e a luz de freio em LED (brake light).
Hora de conhecer a cabine o que é feito através de um pequeno toque na maçaneta, já que a entrada é realizada pelo sistema de abertura das portas através do sistema inteligente presencial, o que nos permite deixar a chave no bolso, facilitando o dia a dia. Naturalmente a partida do motor também é realizada através do sistema eletrônico de ignição (botão push start).
Ao olharmos a nossa volta o habitual acabamento solido da Nissan fica evidente, em detalhes onde fica claro o equilíbrio entre a sofisticação necessária para quem paga mais de 200 mil num veículo, e seu perfil 4x4 puro, com a robustez e praticidade que se pede a este tipo de proposta.
Em relação ao conforto a porta de entrada é através dos bancos que são em couro, acabamento também utilizado nas alavancas do câmbio e freio de mão, volante, além do apoio de braço entre os bancos dianteiros e painel das portas.
Já que falamos em bancos referir que todas as posições têm encosto de cabeça e sinto de três pontos, com um destaque muito especial para o banco do motorista que tem regulagem elétrica (8 ajustes: inclinação, distância, altura) e suporte de lombar.
Fazendo parte do pacote bem completo desta versão XE da Frontier, o ar-condicionado digital é de duas zonas, com saídas para o banco traseiro, a multimidia de 8" tem conectividade com Android Auto e Apple Car Play e a versão entrega um bom sistema de áudio, composto por 6 Alto-falantes (2 porta dianteira + 2 tweeters + 2 porta traseira).
Voltando ao volante, ele é multifuncional, e onde além dos principais comandos de áudio e telefone é realizado o ajuste do controle de velocidade de cruzeiro (cruise control).
Ainda um olhar para os vidros elétricos, onde apenas o do condutor tem sistema de um toque para abrir ou fechar.
Resumindo, o habitáculo da Nissan Frontier mistura a habitual solidez reconhecida na marca, com diversos espaços para objetos, tanto nas portas como no console central, acesso fácil aos comandos de utilização rotineira, sem esquecer o ótimo espaço interno e uma boa posição de condução.
Já que falamos em posição de condução, hora certa para ajustar nosso volante (ajuste em altura manual), e nos preparamos para dar partida a um dos melhores motores que equipam picapes neste segmento.
No momento em que já olhamos para as informações disponibilizadas atrás do volante, destaque para a prático painel de instrumentos multifuncional colorido de 5", onde são disponibilizadas as informações de forma clara e elegante.
Ao acionar o botão Start/Stop damos vida ao 4 cilindros 2.3L (2298 cm³) bi-turbo diesel de 16 válvulas, que entrega 190 cv nas 3.750 rpm. Este motor trabalha em conjunto com a transmissão automática de 7 marchas com função manual sequencial.
Esta relação é sem dúvida muito eficiente na Frontier, já que com um torque de 45,9 kgfm entre as iniciais 1.500 e 2.500 rpm, a picape da Nissan entrega respostas rápidas no transito urbano ou retomadas de maneira pronta, deixando com isso o condutor confiante. Além disso, é capaz de sair de situações exigentes com muita capacidade, com ou sem peso adicional.
Algumas de suas concorrentes já apelam para mais potência em suas propostas, caso da Volkswagen Amarok e na recém lançada linha 2021 da Toyota Hilux, que também teve aumento da potência entregue, no entanto o motor da Frontier é de muita versatilidade e seu casamento com o bom câmbio é de muita eficiência, entregando elasticidade em termos de velocidade, sem perder sua enorme capacidade para o trabalho em giros iniciais. É ainda muito inteligente a interpretação que o sistema faz da intensidade do pé direito no pedal do acelerador, sendo de trocas suaves a giro baixo, quando for esse o perfil da condução, ou de pegada mais ágil se acionado com mais intensidade, tudo com passagens em timing muito correto num bom trabalho da engenharia japonesa.
Como referido no inicio do nosso texto, seus ângulos de entrada e saída, assim como de inclinação, lhe conferem uma ótima capacidade para o off-road deixando a picape japonesa entre as mais aptas para o trabalho nas mais diversas condições de piso e obstáculos.
Ainda como dados dinâmicos bem interessantes do nosso teste, referência para o bom comportamento da suspensão, de configuração double-wishbone na dianteira e multilink com molas helicoidais na nas rodas traseiras. A Frontier sempre é para nós uma referência em termos de equilíbrio entre a aptidão para o trabalho, e o cada vez mais expressivo, e exigente, cliente que utiliza sua picape no dia a dia urbano, querendo com isso conforto em seus deslocamentos. A suspensão da picape consegue entregar suavidade ao passar pelos obstáculos diários, como lombadas e buracos, sem perder uma enorme capacidade para corresponder à principal característica deste segmento, a robustez.
Já a direção, hidráulica, não é dos seus pontos de maior destaque, mas oferece um nível de rigidez bem equilibrado, tornando ao mesmo tempo a condução segura e precisa sem comprometer nas manobras em pequenos espaços.
A Nissan Frontier é uma das picapes médias que melhor absorve as irregularidades, seja na terra como no asfalto, um trabalho que vem evoluindo, adicionando conforto num produto de características bem marcantes e que representa o importante legado da marca como referência global ao longo das últimas décadas em picapes e veículo off-road.
Já os freios são de disco na dianteira e tambor atrás, com ABS (Anti-brake system) e EBD (Electronic brake distribution), mantêm uma configuração bem “tradicional” neste tipo de produto e que no caso da Frontier entrega segurança em bom nível.
Já que falamos em segurança, momento para falar de alguns itens que fazem parte do pacote da versão XE como sistema de auxílio de partida em rampa, controles de tração e estabilidade, controle automático de descida além do ponto menos positivo da picape japonesa, que são as duas bolsas, apenas, de airbags, frontais para o motorista e passageiro, pacote que consideramos limitado para um veículo que custa mais de 200 mil reais.
Voltando a questões dinâmicas, além do bloqueio de diferencial eletrônico a Nissan Frontier ainda possibilita a seleção do tipo de transmissão através do botão rotativo no interior, podendo o condutor selecionar entre o rotineiro 4x2, bem apropriado para o dia a dia urbano, ou em modo mais exigente de piso com o modo 4x4, ou ainda, para casos extremos, a chamada redutora.
Palavras finais para o consumo de diesel. Com um tanque de 80 litros ajustado ao perfil do produto, no final de nosso circuito misto a picape apresentou uma média e 9,6 km/l.
Conclusão do editor: A Frontier é uma picape de muita capacidade, muita alinhada com a concorrência e que por isso mesmo nos leva para a reflexão de que seu desempenho comercial, distante dos números das lideres, é influenciado por uma lista de opções bem mais reduzida que suas principais concorrentes, principalmente versões de motorização flex, 4x2, e de preço bem menor, além de outras questões da operação comercial que condicionam o volume de emplacamentos, já que o produto que chega importado da Argentina é, sem dúvida, um dos mais completos e interessantes do segmento.
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