A Fiat Toro é incontestavelmente um caso de sucesso no Brasil. Chegou, algum tempo atrás, para um segmento que praticamente não existia, e onde apenas a Renault tinha arriscado com a Oroch, um espaço destinado a oferecer um “meio termo” entre as pequenas picapes, direcionadas para o trabalho, e que até então eram bem tradicionais em nosso mercado, e as chamadas picapes médias, normalmente associadas a uma atividade mais pesada ou status de veículo exclusivo e capacidade off-road.
Pois bem, com a Toro a Fiat inovou em todos os aspectos, entregando um produto que se apresentava com um design arrojado e moderno e que conseguiu desde o inicio chamar a atenção para diversos perfis de cliente, principalmente através de uma ampla lista de opções de acabamento e mecânica. Este perfil de picape passou a oferecer mais espaço, tecnologia e conforto que as pequenas picapes, e se aproximou tecnicamente das médias, ao entregar opções 4x4 diesel, muito embora não tendo a base de sua estrutura no chassi, como as picapes maiores, mas utilizando o moderno monobloco, solução da generalidade dos veículos produzidos hoje em dia. Essa é a realidade em termos estruturais das atuais picapes do segmento e das menores, e também dos futuros protagonista que estão para chegar.
A Fiat desenvolveu assim um produto que agrada tanto em termos de habitáculo, muito idêntico ao que é entregue no mais competitivo segmento da atualidade, o dos SUVs compactos, como ainda entregando um tipo uma carroceria que é paixão nacional, o de uma picape.
E o sucesso foi imediato e avassalador desde a sua chegada ao mercado nacional, tornando a Toro um caso de acerto comercial tão grande ao longo dos últimos anos, que acabou, naturalmente, por despertar o interesse de outras marcas para o segmento, casos da Chevrolet e da Ford, que vão chegar em 2022 com as novas Montana e Maverick, respetivamente, além, claro, da esperada renovação da Renault Oroch.
Com volumes que deixam o modelo regularmente entre os mais vendidos do país, a título de exemplo, foram 5.187 unidades do modelo emplacadas em outubro, 5.921 em novembro, com um total de 65.754 veículos saídos das lojas em 2021, sendo até ao momento o quinto carro mais vendido no país ao longo do ano. Outro fator de grande acerto comercial por parte da marca italiana é a constante evolução do modelo, o que nos trouxe até à atual geração, que mais uma vez recebeu importantes atualizações em itens de conforto e tecnologia, mas onde o grande destaque é, sem dúvida, a chegada do novo motor 1.3 turbo 270 Flex.
E foi precisamente para conhecer especificamente a versão mais completa daquelas que agora utilizam a nova motorização, que recebemos para um teste de alguns dias a Fiat Toro na versão Volcano 1.3 Turbo, experiência que compartilhamos com vocês ao longo das próximas linhas.
Mas ainda antes de falarmos especificamente do alvo de nossa atenção, aproveitamos para agradecer desde já a vossa leitura, deixando o espaço de comentários à disposição para interagirem conosco através da vossa opinião e agradecendo também o compartilhamento da matéria com conhecidos, amigos e família. Outro convite é para que se inscrevam em nosso canal de vídeo no youtube, além de sugerir que sigam nossas mídias sociais no Facebook, Instagram e Twitter. Se preferirem, podem também encaminhar vossas dúvidas sobre os modelos testados pela nossa equipe para o e-mail redacao@revistapubliracing.com.br, que teremos o maior prazer em responder para todos vocês.
Vamos lá! Esteticamente, esta versão Volcano, a mais completa de todas as que são atualmente equipadas com o novo motor 1.3 turbo, se apresenta com um design moderno e muito bem resolvido. A área frontal, um dos destaques do modelo, tem evoluído sem perder sua identidade, apresentando agora uma espécie de vão central no capô, muito esportivo em nossa opinião, e que dá todo um charme especial ao modelo. O grupo ótico dianteiro mantem os três níveis de iluminação, das superiores luzes de condução diurna, passando pelos faróis principais, ao centro, e mais em baixo, os faróis de neblina, em LED. Uma área muito bem trabalhada através de diversas peças, no entanto, todas muito bem integradas com destaque para o para-choque, parcialmente na cor do veículo, com a grade frontal em tom preto brilhante e onde não falta a charmosa bandeirinha com as cores italianas colocada à direita, além de detalhes em cromado, que se integrando de forma harmoniosa, na direção dos faróis principais, acompanhando a largura da grade. Também em cromado o logo da FIAT de generosas dimensões posicionado ao centro. Ainda destaque para a área inferior que apresenta um predominante overbumper integrado, peça que além da função de proteger o para-choque, chama a atenção para a maior versatilidade da proposta.
Referir que os faróis da versão Volcano têm sistema de “Follow me home”, o que mantém as luzes acessas após fechamento do veículo, com isso é possível manter iluminada a área no entorno da picape e ajudar no caminho para uma porta ou elevador. Além disso, na unidade testada por nós, assinalamos a presença do kit High Tech que inclui, além do sensor crepuscular, sensor de chuva e retrovisor interno eletrocrômico, fazendo parte de um pacote tecnológico que tem ainda, e por um custo de R$ 5.683, itens como central multimídia com tela de 10'' touchscreen, frenagem autônoma de emergência, aviso de saída de pista e comutação automática do farol alto.
Lateralmente o veículo continua o bom trabalho estético, misturando o preto com o cromado de forma harmoniosa, onde o destaque fica por conta das maçanetas das portas (em cromado). Já os espelhos retrovisores externos (na cor do veículo) são elétricos, retráteis e com sinalizadores de mudança de direção e ainda com luz de poça, que direciona iluminação para a área da porta.
Não poderíamos esquecer as elegantes rodas de liga leve de 18” onde são instalados pneus de medida 225/60 R18 Scorpion da igualmente italiana, Pirelli , totalmente vocacionados para uma utilização principalmente no asfalto. Referência também para o porta escadas, que proporciona um acabamento diferenciado no teto da nossa Toro.
Passando para a traseira, onde o destaque é, naturalmente, a caçamba, este espaço é protegido com capota marítima, proteção que, é bom ressaltar, não inviabiliza a entrada de pó ou água, sendo sempre conveniente uma sacola envolvendo suas malas no caso de viagens maiores. O acesso ao compartimento de carga é realizado pela prática porta dupla com abertura elétrica, existindo ainda Iluminação interna na caçamba, como um verdadeiro porta-malas, neste caso bem generoso, afinal são 937 Litros de volume de espaço disponibilizado. Logo abaixo das portas que dão acesso á área de carga, podemos notar o elegante para-choque traseiro com a soleira cromada. Finalizando nossa observação externa referência para as lanternas traseiras que são em LED, “assinando” com muita elegância a área traseira do veículo.
Hora de acessar ao elegante interior da nova Toro, o que é feito através da chave presencial facilitando abertura das portas. Numa rápida observação, destacamos os bancos e volante de acabamento em couro, com referência ao fato do banco do motorista ter ajuste elétrico e o volante as chamadas borboletas para troca de marcha.
Já que falamos de bancos, todas as cinco posições têm apoio de cabeça ajustável, cinto de três pontos e ganchos Isofix para fixação de cadeirinha infantil.
Atrás do volante fica o novo painel de instrumentos de 7" full digital, colorido e intuitivo que permite algumas configurações . Aproveitando este momento para ajustar nossa posição no banco do motorista, referir que o volante tem regulagem em altura e profundidade, facilitando na hora de obter uma correta posição de condução.
Constatamos que a Fiat Toro vem evoluindo bastante no acabamento, ficando com o interior mais integro e consistente, com nítida redução dos ruídos internos muito por conta duma integração melhor das peças.
Continuando a olhar para o habitáculo, destaque obvio para a prática central multimídia de 8,4” de série, embora no pacote de tecnologia ela seja de 10”. Com conexão Apple CarPlay e Android Auto, sem fio, a tela ainda exibe as imagens da câmera de ré, tudo isso fazendo parte do sistema de áudio composto por dois alto falantes dianteiros, dois traseiros e dois tweeters, que entrega uma experiência sonora bem interessante. Ainda na tela, além de todas as habituais configurações de veículo, áudio e telefone, é também possível gerenciar o ar-condicionado que é digital e de duas zonas, e que também tem comandos logo abaixo da tela.
Ainda diretamente ligado ao entretenimento e conectividade a abordo, referir que esta versão entrega duas portas USB na frente (tipo A/C) e mais uma para o banco traseiro do tipo A. Para recarregar o telefone celular existe ainda o espaço dedicado ao carregamento do celular por indução.
Espaço para objetos não é definitivamente uma das virtudes da Toro, ainda assim, a proposta vem evoluindo também nessa questão, entregando um melhor aproveitamento do habitáculo com distribuição de lugares para garrafas e outros objetos e apoio de braço frontal central.
Como referido, o pacote de itens de série nesta versão é bem completo, não faltando sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, controle eletrônico de estabilidade e tração, e o chamado TC+ (Electronic Locker), que transfere mais torque para a roda com maior aderência, fazendo com que a picape vença obstáculos e pisos irregulares com mais facilidade. Referências ainda para o sistema eletrônico que auxilia nas saídas do veículo em subida e o piloto automático com controlador de velocidade.
Ainda antes de falarmos do comportamento dinâmico do veículo com a nova motorização, e que era na verdade nossa maior curiosidade, um destaque mais que merecido para o ótimo pacote de segurança com 7 Airbags - laterais (2) cortina (2) Frontal (2) Joelho (1).
E então chegado o momento de conhecer o tão esperado motor 1.3 turbo Flex (1.332 cm³), um quatro cilindros de injeção direta e comando e válvulas único no cabeçote, colocado na habitual posição transversal e que entrega uma excelente potência de 185 cv com etanol ou 180 cv com gasolina, sendo que para ambos os combustíveis essa potência máxima é conseguida nas 5.750 rpm. Ainda como referência importante a capacidade de torque deste propulsor que no papel mostra 27,5 kgfm de capacidade nas iniciais 1.750 rpm, também em resultado conseguido com ambas as opções de alimentação para nosso motor. Não podemos esquecer de referir que o acionamento do novo propulsor é realizado através do botão de ignição.
Todas as versões Flex vêm com tração dianteira, algo bem característico dos SUV compactos, ficando as mecânicas 4x4, de maior capacidade off-road, direcionadas para os veículos equipados com motor diesel. Nossa Fiat Toro (no feminino, já que no Brasil se tornou rotineiro definir “picape” dessa forma) na versão Volcano, vem assim equipada com tração dianteira e um câmbio de seis marchas automático para trabalhar em conjunto com o novo motor.
Logo nos quilômetros iniciais entendemos que apesar das boas referências do motor, o peso considerável de 1707 kg do veículo condiciona o desempenho em termos de agilidade. É claro que a evolução foi muito grande em relação ao anterior 1.8 aspirado, e temos que relembrar que estamos a falar de uma picape com peso considerável adicional em relação, por exemplo, a um SUV compacto que tem (em média) um peso entre 1200 a 1400 kg. Esta massa adicional da Toro surge através de toda a estrutura do veículo compatível com a proposta, ou seja, mais proteção ao conteúdo mecânico devido a uma maior versatilidade do modelo, além, claro, da estrutura necessária pela maior capacidade de carga que permite, por exemplo, 670 kg de carga útil.
Descobrimos então nesta atualização uma Toro mais rápida e ágil, sem dúvida, mas também mais eficiente em termos de consumo de combustível. Uma questão técnica preponderante para acompanhar o motor nesta evolução é o afinado ajuste do bom câmbio automático de seis marchas, que, como referido anteriormente, permite trocas no volante. Além da opção de ser a nossa sensibilidade a ditar o desempenho do veículo quando optamos pelas trocas manuais, referir que a engenharia da Fiat ainda trabalhou de forma muito interessante as características do carro e o casamento da transmissão com o motor quando utilizando o câmbio de forma automática, equilibrando a necessária capacidade para fazer deslocar um peso maior nos giros iniciais, com uma disponibilidade e elasticidade em velocidades maiores onde nesse aspecto notámos uma grande evolução. Com isso a picape ficou mais segura ao se apresentar mais disponível em retomadas e ultrapassagens.
Nota muito positiva para o conjunto da suspensão, com configuração do tipo McPherson na dianteira e multilink (multibraço) na traseira. Com esta solução mais capacitada e que permite ajustes mais refinados, a engenharia conseguiu, mais uma vez, um bom resultado em termos do equilíbrio entre conforto, capacidade de carga e segurança, entregando um comportamento muito previsível em curva, quando em alta velocidade, sendo elogiável o conjunto de molas e amortecedores, já que trabalham muito bem na amplitude necessária para um produto que se apresenta como versátil, característica observado no espaço e altura da roda em relação à carroceria na caixa de roda e também no generoso vão livre em relação ao solo de 259 mm, sem deixar de lado as boas referências nos ângulos de entrada (25,7°) bem como de saída (28,4°).
É claro que estas versões de motor gasolina/etanol se destinam muito mais a uma rotina de carro familiar, em asfalto, no entanto, ao adquiri uma Toro o cliente procura algo mais, tanto na capacidade de carga como na disponibilidade para ultrapassar alguns obstáculos, e a Toro se mostra honesta nessa proposta.
A direção de assistência elétrica é precisa e leve, entregando a sensação que estamos dirigindo um carro de porte maior, muito equilibrada entre a precisão em alta velocidade e a leveza em manobras e deslocamentos urbanos.
Já os freios, com ABS e EBD, são distribuídos através da solução de disco ventilado na frente e tambor atrás, escolha muito comum até em picapes maiores, e item que sempre se mostrou eficaz ao longo do nosso teste. Aliás, um parêntesis para referir que dois itens mecânicos vêm evoluindo bastante em termos de eficácia nos produtos fabricados no Brasil, e aqui de forma generalizada, são eles os sistemas de direção e os freios, onde hoje fica até difícil encontrar veículos novos com referências negativas nestes itens.
De uma forma geral, a Toro reserva muita da capacidade do novo motor turbo para rotações mais altas e entregando com isso mais segurança, se mostrando mais elástica e disponível em ultrapassagens, por exemplo, mas não sendo aquele carro de reações prontas que no papel suas referências de potência e torque poderiam indicar. Isto é fruto das características do produto, que é pesado (lembrando mais uma vez os 1707 kg de peso), e em que existe claramente a preocupação da engenharia em dar mais eficiência na evolução suave que a proposta entrega, vencendo com tranquilidade seu próprio peso, como antecipando a carga adicional com que podemos carregar nossa picape da Fiat. No entanto, a evolução é bem grande com este novo motor, não só em termos de desempenho, mas também na eficiência energética, já que com os 55 litros do tanque de combustível abastecido com etanol, nossa média em circuito misto fechou nos 6,7 km/l, não sendo nada extraordinário, é sim uma evolução em relação ao anterior motor.
Conclusão do Editor – Com preço inicial de R$ 163.547, ao qual adicionamos os R$ 2.583 da cor da nossa unidade, o KIT High Tech por mais R$ 5.683,00, chegamos assim ao valor total de R$ 171.813 que é o preço de referência para nossa versão Volcano 1.3 Turbo em praticamente todo o país. Um veículo, atraente, bem recheado de atributos, e que está muito bem no conforto do habitáculo, e principalmente, na motorização Flex agora entregue. Como dito inicialmente, é uma proposta que mistura com rara maestria duas paixões do brasileiro, o SUV compacto, o segmento que mais cresce no Brasil, e o universo das picapes. Seu sucesso vem muito do fato de ele se expressar muito bem em ambos os perfis. Esta versão, que representa agora o topo em termos de motor Flex na linha Toro, tem design, conteúdo e capacidade para chamar a atenção de diversos perfis de público, e por isso mesmo deixou uma referência tão positiva em nossa equipe. Nunca escondemos que a Toro sempre nos chamou mais a atenção nas versões diesel 4x4, mas agora, com a nova geração e todas as evoluções que foram introduzidas no modelo, particularmente nesta versão Flex 270 1.3 Turbo Volcano, ela passou sim a ser também um produto bem atraente a recomendável nesta versão Flex.
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