Se existe um produto que a GM nunca conseguiu colocar em patamar de destaque no mercado brasileiro, esse veículo se chama Tracker. E para tentar reverter esse quadro, ou pelo menos chamar a atenção através de uma receita interessante, a Chevrolet lançou a versão Midnight para o seu SUV compacto.
Com soluções estéticas idênticas às adotadas na picape S10 (que tem uma versão de semelhante acabamento), a GM dá um toque de exclusividade, esportividade, mas principalmente, personalidade, tudo isso através da cor preta em destaque absoluto.
Iniciamos então nosso teste ao modelo com uma lista de itens que receberam acabamento diferenciado, aqueles que verdadeiramente fazem desta versão Midnight um produto diferenciado.
Naturalmente começamos pela pintura, que é metálica na cor ouro negro, harmonizando com as rodas de alumínio aro 18” de design exclusivo, e também elas na cor preto brilhante. Caixas dos espelhos retrovisores, maçanetas das portas, frisos e molduras das janelas também são de cor idêntica, assim como o característico emblema da marca, que nestas versões Midnight deixa de lado o típico dourado para dar lugar ao preto.
Com esta cor predominando, ficam em destaque tanto na assinatura diurna em LED, como nos faróis que são do tipo projetor, bem como o desenho elegante das lanternas traseiras, também elas em LED. Ainda olhando atentamente para o nosso Tracker Midnight, observamos o diferencial em relação a alguns dos concorrentes no segmento, o teto solar elétrico que faz parte do pacote de nossa versão e que é sem dúvida um item que adiciona sofisticação e conforto ao Tracker. Já que falamos em teto, não poderiam faltar as barras longitudinais de teto, item muito utilizado para realçar o perfil aventureiro das propostas.
Antes de acessarmos ao interior deixamos as principais dimensões do modelo: 4.258 (mm) de comprimento, 2.035 de largura (com os espelhos retrovisores), 1.678 de altura e 2.555 de distância entre eixos. Os números observados assim, de forma “fria”, não dão a ideia que observamos um veículo “encorpado”, que chama a atenção pela postura.
O acesso ao interior é realizado por meio de sensor de aproximação, que permite abertura das portas sem tirar a chave do bolso. Iniciamos assim a listagem do bom pacote de itens de conforto e conectividade que fazem parte da versão Midnight. Iniciamos pelo MyLink da Chevrolet, com tela LCD 7” compatível com Android Auto e Apple CarPlay. Central multimídia de rápida interpretação, e que embora de reduzidas dimensões é de fácil leitura. Como habitualmente nos veículos da marca é disponibilizado o sistema OnStar, que oferece diversos serviços de acordo com o pacote contratado. Destacamos ainda o sensor de estacionamento traseiro, a câmera de ré e o alerta de movimentação traseira, permitindo assim total segurança nas manobras em espaços reduzidos.
Na segurança são apenas duas bolsas de airbag, barras de segurança nas portas, cintos de segurança de três pontos nas cinco posições, controle de tração e eletrônico de estabilidade, e sistema de fixação para cadeiras infantis.
O espaço para o condutor e bem como para os passageiros podemos definir como interessante, o mesmo não acontece no porta-malas onde o volume de 306 L disponibilizado representa um dos menores entre os seus principais concorrentes, o que pode representar uma condicionante, já que falamos de carros com foco bem direcionado para a família.
Não disponibilizando o pacote mais completo do modelo, que fica disponível apenas como opcional para a versão Premier, o Tracker Midnight é ainda assim bem equipado, e vem naturalmente com ar condicionado, sistema de auxilio em partida em rampa, ajuste da coluna de direção em profundidade e altura, banco do motorista com regulagem lombar elétrico, aliás cabe aqui um parêntesis para referir a ótima posição de condução conseguida além da textura e espessura do volante, passando a sensação de carro bem sofisticado.
Continuando a listagem de itens de conforto, nota para a boa distribuição dos espaços para objetos e copos, além do descansa-braço para motorista. Vidros elétricos com sistema de um toque em todas as portas e conjunto de alto falantes com tweeters, entregando no Tracker um bom sistema de áudio.
Hora de passar para o teste dinâmico. O Tracker é equipado em todas as versões com o motor dianteiro transversal de quatro cilindros em linha, 16 válvulas e 1.5 turbo de tecnologia Flex. Este propulsor entrega 150 cv com gasolina às 5600 rpm e 153 cv com etanol nas 5200 rpm. Já o torque é de 24,0 kgfm na gasolina a 2100 rpm, e no etanol 24,5 kgfm nas 2000 rpm. Até alguns meses atrás ele tinha no motor sua grande arma comercial já que era praticamente uma exclusividade do modelo a disponibilidade de um propulsor com estas caracteristicas, recentemente chegaram Citroën Cactus e Honda HR-V que têm agora versões equipadas também com motor turbo. Pelo torque e momento em que ele disponibiliza sua capacidade máxima já dá para ter uma ideia que o Tracker é ágil, rápido e divertido, passando também uma sensação de solidez através de um correto acabamento do interior. As peças estão bem integradas e isso passa solidez para o conjunto.
A suspensão do tipo McPherson na frente e Semi-independente com eixo de torsão na traseira, permite um comportamento bem saudável, porém, não se espere suavidade do conjunto, entregando o modelo muito mais uma permanente sensação de aderência e estabilidade.
Muito desse comportamento é consolidado pela escolha das rodas de 18 polegadas em alumínio onde são instalados pneus de medida P215/55 R18 .
O câmbio foi trabalhado para dar vida ágil ao Tracker, muito especialmente nas marchas iniciais, fazendo subir o giro do motor rapidamente, o que pode não satisfazer quem gosta uma condução mais suave e de crescimento cadenciado do motor já que primeira e segunda marcha crescem rapidamente.
Já os freios são de disco na frente e tambor atrás, com sistema de freios anti-blocantes (ABS), uma solução bem conservadora da marca, visto que falamos de um modelo Turbo de reações rápidas e de maior dinamismo, no entanto ao longo de todo o nosso teste e sujeitando o Tracker a algumas freadas mais violentas, em momento algum ele mostrou falta de capacidade para frear corretamente os 1.413 kg de peso da versão.
Nota positiva para direção elétrica progressiva que entrega reações rápidas e precisas, ajudando na avaliação positiva da dirigibilidade do carro.
Hora então de falar do consumo do nosso SUV compacto. Com o tanque de 53 litros abastecido com etanol, nossa média foi de 7,5 km/l no habitual circuito misto que mistura em proporções idênticas o transito da cidade e os mesmos quilômetros em estrada. Com isso fica claro que, apesar do sistema Stop/Start, o Tracker é “guloso”, não sendo a economia de combustível uma virtude da proposta.
Conclusão do Editor: O Tracker Midnight veio se posicionar no topo da família do modelo, vendido a partir de R$ 108.990, ele custa apenas dois mil reais a mais que a versão Premier, que no entanto tem como opcional o pacote de seis airbags (frontais, laterais e de cortina), além de alerta de colisão frontal e alerta de saída de faixa, itens que não estão disponíveis para a versão Midnight. Com uma versão inicial, a LT, vendida a partir de R$ 94.890 a linha Tracker nunca foi uma proposta comercialmente unânime, fato facilmente interpretado pelo volume de 1293 unidades vendidas em julho e 1290 em agosto, que somados aos meses anteriores totalizam 11 268 veículos comercializados em 2019, segundo a Fenabrave. Esse desempenho significa apenas a 38ª posição na lista dos veículos mais vendidos no país, ficando longe dos seus concorrentes de segmento, muito mais nos números, já que o produto em si é bastante confiável e interessante. Esta proposta Midnight acrescenta ainda a exclusividade de uma versão verdadeiramente atraente, que pode ajudar a marca a melhorar os números do modelo. Nós gostamos muito e merece bem o lugar numa garagem por aí.
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