Avaliação: Citroën C4 Cactus Feel Pack, o mesmo design brilhante, mas para quem não quer a esportivi
- Artur Semedo / Revista Publiracing
- 25 de ago. de 2019
- 6 min de leitura


A equipe da Revista Publiracing tinha muita curiosidade no teste que apresentamos nesta matéria, especialmente porque meses atrás tivemos a oportunidade de avaliar a versão equipada com o excelente motor THP, o que naquele momento nos mostrou o mais divertido SUV compacto do mercado. Mas desta vez recebemos o Citroën C4 Cactus equipado com o motor aspirado, naturalmente mais limitado. E se na versão turbo o motor é um dos seus pontos altos, ficava ainda assim o atraente design como porta de entrada para mais uma vez falarmos do carro francês fabricado no Brasil, e com forte participação da engenharia da marca na América do Sul. Como curiosidade referir que a marca lançou recentemente uma versão especial por R$ 104.990, alusiva ao ano do centenário da marca, e que se posicionou como a de maior preço da linha C4 Cactus.
Em dados da Fenabrave até final do mês de Julho, o Cactus ocupa a 39ª posição como veículo mais vendido no mercado, somando um total e 9228 unidades emplacadas em 2019, o que representa atualmente boa parte dos 14 341 veículos saídos das concessionárias da marca no Brasil. Falando dos últimos meses, foram 1474 unidades comercializadas em Julho, número melhor que as 1154 do mês de junho.

Mas se um design de elevadíssima qualidade e a ótima mecânica deveriam ser responsáveis por uma maior pujança comercial, o ainda absurdo e inexplicável estigma em relação a marcas como Citroën ou Peugeot, condiciona resultados comerciais compatíveis com a qualidade dos produtos destas marcas, e uma rede de concessionárias cada vez maior e mais preparada, deixou à muito para trás, problemas (brasileiros) de décadas atrás, tanto na disponibilidade das peças como nos preços das mesmas.
Por fora, esta versão Feel Pack aspirada pouco apresenta de diferente em relação à opção de motor turbo. Com uma frente moderna e imponente, o Cactus se destaca pelo seu capô alto e grupo ótico dianteiro em três níveis, algo já tradicional na marca em seus últimos modelos. Com os faróis principais no centro, a assinatura de condução diurna em nível superior (DRL em LED), e os de neblina em baixo (com sistema Cornering Light em todas as versões de câmbio automático), o Cactus é muito atraente e chama imediatamente a atenção por onde passa.

Peças em plástico servem de moldura aos faróis de neblina e contornam todo o veiculo, harmonizando com os protetores laterais de porta, chamados de Airbumps, com as barras de teto longitudinais de design incomum, os puxadores das portas, capa dos espelhos retrovisores e teto, todos eles itens de cor escura brilhante.
Ainda destaque para as rodas de Liga Leve 17" diamantadas com detalhes em preto brilhante, e onde são instalados pneus de medida 205/55 R17 91V.
As dimensões, e muito particularmente a distância entre os eixos, com 2.600 mm já antecipa, o bom comportamento dinâmico do veiculo. Contribuindo para a sua estética equilibrada os 4.170 mm de comprimento, 1.714 mm de largura e 1.563 mm de altura. Ainda antes de passarmos para o interior, uma referência para os generosos 225 mm de distância para o solo, com ângulos de ataque de 22° e saída 32°.
A abertura e travamento das portas é realizada sem chave, através do sistema "mãos livres", e já no interior a receita é um habitáculo bem limpo, sem muita sofisticação, mas apelando muito mais para a praticidade e amplo espaço.
No entanto, não podemos reclamar dos itens de conforto, já que a lista é bem vasta. Acendimento automático de faróis, sensor de chuva, ar-condicionado digital, todos os vidros elétricos com sistema de subida e descida por um toque e ainda câmera de ré.
Este item é disponibilizado através da central multimídia touchscreen de 7" com Android Auto e Appe Car Play, e conectada ao sistema de áudio composta por 4 alto falantes e 2 tweeters.

Os bancos são de revestimento em tecido e com encostos de cabeça em todos os cinco lugares. O acabamento do painel é de cor cinza com soft touch e o painel de instrumentos é digital com indicação de velocidade numérica e idêntico para todas as versões. Um pouco antes o prático volante (ajuste em altura e profundidade) com revestimento em couro.
Agora com foco na segurança, referencia para os 4 airbags (frontais e laterais), bem como os cintos de segurança de três pontos em todas as posições. A Citroën reservou apenas para a versão Shine THP o pacote mais completo, adicionando as bolsas de cortina em relação a esta versão que testamos. O Citroën C4 Cactus vem também com fixação ISOFIX e Top Tether (fixação para cadeiras de crianças).
Sensor de pressão de pneus, controle dinâmico de estabilidade e antipatinagem bem como o Hill Assist, assistente de partida em rampa, são ainda itens que fazem parte do pacote da versão Feel Pack.

O C4 Cactus proporciona uma ótima posição de condução, além de entregar muito espaço para todos os ocupantes através de um habitáculo mais “limpo”, com a marca nitidamente abdicando do requinte e optando pela praticidade. Como em todos os veículos da marca a luminosidade entra de forma intensa, proporcionando além de boa visibilidade em praticamente todos os ângulos, uma boa integração entre habitáculo e o ambiente externo.
Ainda antes de darmos partida ao motor, referência para os reduzidos 320 litros de espaço disponibilizado no porta malas, um dos menores do segmento, e só vencendo o Chevrolet Tracker (306L) e igualando o Jeep Renegade nas versões Flex. Hyundai Creta, Honda HR-V, Nissan Kicks e Renault Duster são alguns bons exemplos de veículos que disponibilizam espaços com mais que 400 litros de volume no porta malas, o que para um veículo familiar, pode sim, ser um fator importante na hora da compra.
Mas onde o Citroën C4 Cactus se destaca é no comportamento dinâmico. Se a versão THP é simplesmente deliciosa de dirigir, a versão aspirada com o motor 1.6 VTi 120, surpreendeu também pelo bom desempenho. O motor Flex de 4 cilindros e 16 válvulas entrega 118 cv com etanol e 115 cv com gasolina, com ambos os combustíveis nas 5.750 rpm, já o torque é de 16,1 kgfm a 4.750 rpm com etanol, e idênticos 16,1 kgfm um pouco mais cedo, nas 4.000 rpm se abastecido a gasolina. O trabalho da marca foi mais uma vez brilhante, e mesmo com este propulsor de menor capacidade, o casamento da motorização com o câmbio de automático sequencial de 6 marchas com modo ECO e SPORT, permite uma condução de ótimas referências, com a transmissão a interpretar de forma muito correta os giros do motor e a intensidade do pé direito. É um motor que não tem obviamente a capacidade de resposta do THP Turbo de 173 cv da versão topo de linha, mas muito adequado para um perfil de cliente mais comum e sem tantas exigências em termos de performance.

Onde a marca também acertou foi na configuração da suspensão, com MacPherson na frente e eixo de torção na traseira, o Cactus consegue uma boa absorção das irregularidades, e ajudando muito no comportamento fiel e equilibrado do veículo, garantindo tração e estabilidade em pisos de menor aderência, além de bom comportamento em estrada. Um carro de comportamento muito interessante apesar do seu centro de gravidade elevado, resultando definitivamente em mais um bom trabalho da engenharia da marca. No Cactus a tração é dianteira e sua direção elétrica com assistência variável, é eficaz em qualquer circunstância, sendo leve e rápida no trânsito urbano e muito precisa em velocidades maiores.
Quantos aos freios de disco ventilado na frente e tambor atrás (versão topo de linha tem disco sólido atrás), eles vêm com sistema ABS com REF (repartidor eletrônico de frenagem) e AFU (auxílio à frenagem de urgência) e sempre se mostraram eficazes para frear ou parar totalmente os 1.225 kg de peso do nosso veículo.
Hora de falar do consumo. Com o tanque de 55 litros abastecido com gasolina, nosso teste seguiu o nosso habitual padrão de circuito misto (estrada /urbano) com um resultado que, sem ser brilhante, é pelo menos satisfatório, apresentando 10,5 km/l de média.

Resumo do editor – O Citroën C4 Cactus nesta versão Feel Pack, é direcionado para quem não quer, ou pode, optar pela esportividade da versão turbo, mas mantendo intactos o design brilhante do modelo e uma mecânica elogiável em qualquer circunstância. No entanto, sua jovialidade e simplicidade no habitáculo, podem fazer alguns clientes optar pelo requinte de modelos como Renegade, Creta ou Kicks que na faixa de preço em que é vendida nossa versão do Cactus (R$ 90.290) chamam a atenção precisamente pelos pormenores internos, aqueles que o condutor comum observa e sente com mais facilidade. Já nas versões iniciais de câmbio manual, vendidas a partir de R$ 69.990 ele é bem competitivo. Sem o forte argumento do melhor motor do segmento, o Turbo THP da PSA que equipa a opção topo de linha do Cactus, esta versão perde algum protagonismo, não deixando, no entanto, de ser um dos mais bonitos e interessantes produtos neste grupo dos SUVs compactos. É um veículo que à medida que a Citroën vá incrementando seu “recheio”, ganhará, sem dúvida, mais força comercial.

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