O teste desta vez é com um veículo que pode muito bem ser considerado como um marco na história da indústria automobilista mundial. Ele é o responsável por iniciar de forma global o processo de eletrificação dos nossos veículos. Falamos do Toyota Prius. Modelo hibrido que combina dois motores: um elétrico de 72 cv e outro a gasolina 1.8 L com potência de 98 cv. Ele representa o inicio de uma nova era, em que a propulsão elétrica ganha cada vez mais espaço, mas onde os veículos híbridos serão os responsáveis por realizar esta transição, embarcando em seu conceito os dois tipos de força motriz, aquela que parece ter os dias contados, de ciclo Otto, e o futuro da mobilidade, a elétrica.
É claro que todo este processo é ainda bastante incerto, com várias questões que podem acelerar ou diminuir a velocidade rumo à eletrificação total, e muito particularmente no Brasil, onde existe uma fonte renovável e limpa, o etanol. Este combustível, além de emissões zero pelo escapamento, tem ainda atualmente ao longo de todo o processo de tratamento, até chegar no tanque do seu veículo, menos impacto para o meio ambiente que a própria propulsão elétrica, normalmente abastecida através de fontes que ainda exigem alguns anos ao meio ambiente no processo de produção.
Um bom exemplo disso é a China, hoje um dos maiores mercados para os carros elétricos, mas que tem cerca de 50% (tem estudos eu apontam até mais) de sua energia elétrica produzida através de centrais termoelétricas de considerável custo ambiental, e com a agravante local dessas usinas estarem localizadas perto dos grandes centros urbanos, reduzindo naturalmente as emissões dos milhões de veículos que circulam nos grandes centros urbanos como Pequim, mas adicionando elas próprias emissões nocivas ao longo do processo de produção da energia que depois vai movimentar os carros. É claro que cada vez mais países se preocupam em desenvolver fontes renováveis tais como, eólica, hídrica, solar, aproveitamento do movimento das ondas do mar, entre tantos outros projetos que vêm sendo desenvolvidos e testados em larga escala, e que dessa forma possam garantir o abastecimento para os veículos do futuro, sem, no entanto esquecer, a lógica do investimento na propulsão elétrica, que é o mínimo impacto para o meio ambiente na mobilidade elétrica.
Esta breve introdução serve para podermos situar nosso leitor sobre o cenário em que o Prius é negociado no Brasil, transformando o modelo num objeto de desejo, a exemplo do que vem acontecendo em muitos outros países lá fora.
Mas ainda antes de iniciarmos nosso texto especificamente sobre o veículo, é obrigatória a referência ao fato da Toyota, brilhante na interpretação deste processo de transição, ter adicionado um pouco mais de “confusão” para os próximos anos, já que vem desenvolvendo testes importantes para os próximos híbridos da marca, o próprio Prius, e o novo Corolla, foram anunciados com tecnologia hibrida e flex, naquele que acreditamos ser um ótimo caminho para a próxima década.
Mas vamos falar do Prius. Referir que a versão disponibilizada no Brasil não é plug-in, como acontece nos principais mercados do exterior, logo o carregamento de sua bateria elétrica fica exclusivo ao aproveitamento da energia regenerada do seu comportamento dinâmico e da energia não utilizada quando em desacelerações, por exemplo.
Se o seu design não é consensual, para nós ele ficou muito interessante e até arrojado, especialmente após a última atualização em suas linhas. Esteticamente ele faz lembrar um cupê e tudo nele é pesado na eficiência energética, mas sem esquecer itens importantes como faróis principais em LED e os de neblina corretamente integrados no para-choques frontal, e espelhos retrovisores na cor da carroceria com regulagem elétrica, indicador de direção e desembaçador. Ambos os para-choques e maçanetas das portas são da cor da carroceria, e já que falamos do processo de entrada no veículo, referir que o Prius vem com o sistema Smart Entry nas portas dianteiras (destravamento automático das portas por proximidade da chave) e que no interior permite também acionar a ignição através do toque no botão Start/Stop.
Ainda antes de passar para o interior, referência, para as rodas de liga leve aro 15” onde são instalados pneus de medida 195 / 65, em mais um componente importante para vencer a inercia inicial dos 1.400 kg de peso do modelo, ajudando no ótimo resultado final em termos de eficiência, mas disso falaremos mais à frente em nosso texto.
Para finalizar nossa observação externa deixamos suas principais dimensões, que são: Comprimento de 4.540 mm, largura com os espelhos retrovisores (2.021 - 2.031 mm), altura de 1.490 mm e distância entre os eixos de 2.700 mm e como característica principal do modelo, seu imponente spoiler traseiro, conectando as grandes lanternas em LED de modo elegante e onde é também visível a luz de freio central.
Já no interior o conforto não foi esquecido, acompanhando a exclusividade do modelo com itens que são obrigatoriedade para um publico mais exigente.
Banco do motorista com regulagem elétrica para ajuste lombar e dianteiros com sistema elétrico de aquecimento, bancos traseiros bipartidos (60/40), rebatíveis, com encosto reclinável, descansa-braços central e porta-copos. Já na frente também espaço bem distribuído com console central com porta-copos, porta-objetos com tampa e descansa-braços, com olhar imediato para o atraente acabamento na cor branca de alguns pormenores. Já na área central do painel destaque para o ar-condicionado dual zone automático com display digital e para o sistema multimídia com tela LCD de 7" conectado ao excelente sistema de áudio JBL (4 alto-falantes + 6 tweeters) que disponibiliza CD-R/RW, MP3 com conexão via Bluetooth, rádio, sistema de navegação, TV digital e câmera de ré (com linhas-guia auxiliares). Tudo isso é disponibilizado na tela central da multimídia, item que é nosso maior reparo, não só deste modelo, mas também de outros da marca, e que requer uma intervenção mais urgente por parte da Toyota para torna-la mais fácil, intuitiva e rápida, isto apesar do diferencial que é a TV digital.
O acabamento de todo o interior segue a tradição da marca, com muita solidez, materiais de boa qualidade e peças bem integradas, bom isolamento acústico e ótimo ambiente interno.
Exclusivamente para o condutor é reservada uma boa posição de condução, confortável e de boa visibilidade, tanto para o exterior como no acesso aos principais comandos do veículo. Já que falamos em comandos destaque no Prius é o seletor de modo de condução bem em destaque logo abaixo do visor do ar-condicionado e onde é escolhido o modo de condução: Normal, ECO, Power ou EV (Electric Vehicle).
O correto posicionamento para dirigir é auxiliado pelo ajuste manual da coluna de direção em altura e profundidade. O volante, tem também ele detalhes em branco e inclui controles de áudio, computador de bordo, telefone, ar-condicionado e controle de velocidade de cruzeiro.
Também característico na marca em alguns modelos, o painel de instrumentos em posição central, muito atraente, de fácil leitura e interação, além de esteticamente muito agradável nos gráficos e cores, é de fácil leitura e interpretação.
Ainda como comodidades para quem dirige, destacamos o Head-up Display Colorido (HUD), que projeção algumas informações (como velocidade) no para-brisa, o espelho retrovisor interno antiofuscante e o vidro traseiro com desembaçador, limpador intermitente e lavado.
O Prius se apresenta assim como um veículo diferenciado no conceito e que por isso mesmo recorre a pormenores que o tornam exclusivo, mas sem abdicar do espaço, conforto e sofisticação. Para terminar nossa observação interna, referência para o porta-malas que disponibiliza generosos 412 L de espaço com a abertura da tampa no interior e o destaque muito elogiável para o quesito segurança, já que o modelo da Toyota disponibiliza sete airbags, dois frontais, dois laterais frontais, dois tipo cortina e um de joelho para o motorista.
Mas o grande diferencial do Prius é sua propulsão híbrida. São dois motores, um frontal a gasolina 1.8 litro de 98 cv às 5.200 rpm, e entregando um torque de 14,2 kgf.m nas 3.600 rpm, e outro elétrico, entregando o equivalente a 72 cv com torque de 16,6 kgf.m, totalizando assim o equivalente a 123 cv de potência.
O motor a gasolina incorpora ainda algumas tecnologias recorrentes nos propulsores da marca e que ajudam no resultado final quando avaliamos o consumo.
O VVT-i significa, Variable Valve Timing with Intelligence (Comando de Válvulas Variável Inteligente) e o DOHC, Double Overhead Camshaft (Duplo Comando de Válvulas). A estas tecnologias a Toyota adiciona ainda a injeção eletrônica. Já a transmissão é através do câmbio do tipo CVT. Nos deslocamentos diários, e a velocidades que não ultrapassem os 50 km/h o gerenciamento do Prius recorre quase sempre ao motor elétrico para iniciar o deslocamento, aproveitando frenagens e desacelerações anteriores para recarregar suas baterias, sendo por isso mesmo em circuito urbano onde o modelo é mais econômico. Com um deslocamento suave e de pouquíssimos ruídos, quando empurrados pelo motor elétrico, mas não menos delicado quando a propulsão é realizada pelo motor a gasolina, o Prius transmite uma atmosfera incrível para quem está dirigindo um veiculo de olho na nossa carteira, no futuro do planeta e extremamente prazeroso de dirigir.
A configuração da suspensão com McPherson na frente e Double Wishbone na traseira, permite uma suavidade muito interessante no deslocamento, com absorção eficaz das irregularidades do piso, correto deslocamento vertical e resultado muito interessante nos deslocamentos longitudinais, diminuindo consideravelmente o impacto na cabine de acelerações e frenagens. Com isso ele é sempre muito correto nas reações. É claro que suas características não o tornam um esportivo, por isso mesmo é necessária consciência para as suas limitações em velocidades maiores. Apesar do peso adicional das baterias, que continuam sendo o principal handicap dos veículos que já incorporam tecnologia elétrica, ele é muito eficaz em frenagens. Utilizando discos ventilados na frente e sólidos na traseira com ABS e EBD, o Prius sempre se mostrou muito equilibrado em todas as situações de stress testadas pela nossa equipe. O controle de estabilidade e tração também lhe confere uma fiel relação de segurança com o condutor, que tem à sua disposição uma série de tecnologias para controle total e permanente do veículo. Ainda falando da mecânica referencia para outro item elogiável do Prius, sua direção assistida eletricamente, precisa e eficaz completa um ótimo pacote mecânico disponibilizado no popular hibrido da Toyota. Com um vão livre de 136 mm, não devemos esquecer alguns cuidados na passagem de lombadas, para evitar o sempre incomodo som do para-choque frontal raspando naquela repreensível solução.
Mas guardamos para o final um dos seus principais atributos, a economia na carteira de seu proprietário. No habitual circuito misto, nossa equipe terminou o teste com média de 17,9 km/l, sendo que nos testes oficiais do INMETRO ele apresentou resultados de 18,9 km/l na cidade e 17 km/l em estrada, tornando-se um dos mais econômicos veículos do mercado brasileiro, alvo do desejo especial por parte dos profissionais do volante, como taxistas, e um excelente produto para nosso leitor iniciar sua aventura no mundo dos elétricos.
Conclusão do editor – Com preço sugerido nas concessionárias de R$ 125.450, o Prius é um veículo que mistura a habitual qualidade mecânica da Toyota, com a já vasta experiência da marca no desenvolvimento de veículos híbridos, sendo o modelo responsável pelas novas experiências que cada novo condutor do modelo vai viver, como sair da garagem pela manhã no mais puro silêncio, uma experiência que apaixona de imediato qualquer um, adicionando ainda a consciência sobre hábitos que diariamente vão contribuindo para um mundo mais limpo para os nossos filhos e netos. Dirigir um Prius é viver experiências que misturam requinte com a qualidade da mobilidade elétrica, mas sem abdicar da confiança de um veículo de grande autonomia. Como referimos, a popularização do Prius pelo mundo mostra que a Toyota parece estar um passo à frente neste processo de transição entre os motores a combustão interna e o powertrain de propulsão totalmente elétrica. Um veículo de olho no futuro e que vale muito o investimento.
Toyota Prius Híbrido
Design 7
Espaço e Conforto 8 Tecnologia e Conectividade 7
Acabamento 8
Motor / Consumo 9
Transmissão 7
Suspensão 8
Direção 8
Freios 7
Segurança e Auxílios 8
Total 77
