O alvo e nossa atenção nesta avaliação de hoje é um dos remanescentes do cada vez menor segmento de sedãs médios. O bom e velho companheiro da família, aquele que representava não só espaço, como segurança, requinte e naturalmente status. Infelizmente o mercado vem sendo pulverizado pelos chamados utilitários esportivos, deixando cada vez menos espaço para os sedãs, especialmente porque as marcas vivem de vendas e este tipo de veículo vem perdendo seu espaço nas preferencias do publico.
Até por isso mesmo são elogiáveis as montadoras que contra todas as evidências, continuam desenvolvendo projetos de veículos sedãs, seja atualizando suas atuais propostas ou até mesmo desenvolvendo novos produtos.
Neste admirado grupo colocamos três japonesas, Toyota, Honda e Nissan, sem esquecer de falar das marcas Chevrolet e Volkswagen, isto só para citar as que têm modelos nas primeiras cinco posições do acumulado em vendas nos primeiros meses do ano e deixando naturalmente de fora as chamadas marcas Premium que oferecem propostas a preços bem competitivos e estando na briga direta por este público.
No teste de hoje falamos mais uma vez do Nissan Sentra, e se em outras visitas ao longo dos últimos anos escolhemos a versão mais completa, a SL, desta vez a opção foi pela versão intermédia, a SV, aquela que se situa numa faixa de preço mais competitiva pelo equilíbrio entre equipamento e preço. Atualmente a versão mais cara tem preço de referência de R$ 107.790, a versão que vamos descrever na sequencia tem valor anunciado de R$ 94.790, e a Nissan disponibiliza ainda a versão inicial S, com preço nas concessionárias de R$ 85.790.
Com 4.635,9 mm de comprimento, 1.761,4 mm de largura e 2.700 mm de distância entre eixos, o sedã médio da Nissan se apresenta com porte imponente e que chama a atenção pelas suas linhas elegantes e que não escondem suas origens. O destaque é naturalmente a utilização do cromado, acabamento que a Nissan incorpora com habitual bom gosto para dar requinte às suas versões mais equipadas. No caso da versão SV, além do tradicional V no para-choques frontal, envolvendo o logo da marca, são naturalmente destaques, as maçanetas das portas (externas e internas), o friso que envolve as janelas e assinatura cromada dos faróis dianteiros. Este acabamento harmoniza de forma elegante não só com as molduras de cor prata dos faróis de neblina, como as bonitas rodas de liga leve de 17” onde são instalados pneus de medida 205/50 R17, e fechando na traseira, com a peça cromada que fica em destaque na tampa do porta-malas e imediatamente abaixo ao logo da Nissan.
O Sentra se representa através de dois aspectos que marcam os veículos deste segmento, que são, o capô dianteiro de generosas dimensões, e o porta-malas, antecipando o grande volume disponibilizado, algo também característico destes modelos, e que no caso do nosso Sentra disponibiliza nada menos que 503 litros de espaço para bagagens. Quanto às ausências, destaque para os faróis e assinatura diurnas em LED que são exclusividade da versão SL. Já as lanternas traseiras são em LED em todas as versões. Uma referência também para os espelhos retrovisores externos que são com regulagem elétrica, na cor da carroceria e com Led sinalizador de mudança de direção.
Já de olho no acesso ao interior do Sentra, destaque para o fato de todas as versões já disponibilizarem o sistema de chave inteligente presencial (I-Key) que permite a abertura das portas sem uso da chave e ainda dar partida ao motor pelo botão Push Star.
Destaques no interior, além do espaço bem generoso, para o volante com acabamento em couro e incorporando os botões (não muito práticos) que controlam rádio, áudio, telefone entre outras funções. O ar-condicionado é automático digital Dual Zone, e a central multimídia é de display colorido de 6,2” (o porte do modelo já pede uma tela maior), com entrada auxiliar para MP3 player, conector USB e conexão à internet por Wi-Fi além de multi-App, com rádio AM/FM com sistema de RDS, CD e DVD player. Na tela são ainda exibidas as imagens da câmera traseira.
Já que falamos de áudio referir que nesta versão o sistema é composta por 4 alto-falantes e 2 tweeters, de muito boa qualidade, mas ainda assim deixando saudades do fantástico sistema Bose Premium Áudio com 4 alto-falantes, 2 tweeters e 2 subwoofers disponibilizado com exclusividade na versão SL.
O banco traseiro é bipartido 60/40, dobrável, e apoio de braço central com porta copos, utilidade também disponibilizado no console central dianteiro, com tampa integrada no apoio do braço. Também estão disponíveis apoios de cabeça para todos os ocupantes, assim como cintos de segurança de três pontos para as cinco posições e os fundamentais fixadores traseiros para cadeiras de crianças (ISOFIX).
Com um interior que mistura elegância com simplicidade, o espaço é mesmo o grande destaque no habitáculo do Sentra que entrega uma boa qualidade no acabamento, com materiais que poderiam ser de melhor qualidade no painel, mas onde a boa integração de toda a estrutura permite um interior sem ruídos incômodos. Com boa ergonomia em todas as posições, particularmente para o condutor é bem fácil conseguir uma correta posição de condução, de ampla visibilidade e confortável posicionamento de tronco, pernas, joelhos e naturalmente dos pés em seu contato com os pedais.
Ainda antes de acionarmos o botão de ignição do motor, uma passagem pelas soluções entregues para auxiliar na condução bem como para manter elevados níveis de segurança. Controle de velocidade de cruzeiro (cruise control) com comandos no volante, controle de tração e estabilidade, freios ABS com controle eletrônico de frenagem (EBD), assistência de frenagem (BA) e (apenas) air bags frontais para motorista e passageiro nas duas versões iniciais. Já a versão SL adiciona bolsas laterais e de cortina.
Hora de acionar o motor e iniciar nossa experiência dinâmica, inicialmente na cidade e posteriormente em estrada.
O Sentra é um sedã de quatro portas com tração dianteira e que pesa 1.337 kg. O motor é idêntico para as três versões disponibilizadas atualmente no mercado brasileiro, o quatro cilindros 2.0 l (1.997 cm³) de 16 válvulas, Flex, de injeção eletrônica multiponto sequencial, que entrega uma potência de 140 cv às 5.100 rpm em ambos os combustíveis, e com torque de 20 kgfm às 4.800 rpm e também com referenciais idênticas para as duas opções (etanol/gasolina).
Este propulsor trabalha em conjunto com a transmissão automática XTronic do tipo CVT, entregando reações suaves e nitidamente privilegiando economia de combustível e o conforto. No entanto ele pode ficar deficitário nos momentos em que é necessária mais agilidade, quando realizando ultrapassagens ou retomadas, situações em que as características, especialmente da transmissão, podem exigir cuidados especiais para essas manobras.
A Nissan olhou para o perfil médio do consumidor deste tipo de veículos e decidiu abdicar da esportividade, esta escolha da engenharia da marca fica nítida também na configuração da suspensão, Independente, tipo McPherson na frente e eixo de torção com barra estabilizadora e molas helicoidais na traseira.
Mais uma vez o conforto foi o foco, com uma suspensão que absorve com muita propriedade as irregularidades, tornando qualquer viagem muito confortável, mas que não foi pensada para alta performance. Todo o conjunto mecânico e sua configuração é direcionado para quem privilegia o conforto em detrimento da esportividade, características bem claras e interpretadas na condução, tanto urbana, como em estrada.
Elogiável são os freios, de disco ventilado na frente e discos sólidos atrás, o sistema se mostrou sempre de alta eficácia, entregando muita segurança no dia a dia com o Sentra.
Outro item que deixou boas referências é a direção elétrica com assistência variável, ela é leve e de respostas rápidas na cidade, mas sem deixar de lado a precisão necessária quando em condução a velocidades maiores.
O sedã da Nissan permite abastecer o taque com 52 litros de gasolina ou etanol, e após dirigirmos centenas de quilômetros no nosso habitual circuito misto, o modelo apresentou um resultado que apenas podemos considerar de satisfatório, com 7,8 km/l de média, com o modelo sempre abastecido com etanol.
Conclusão do Editor – O Nissan Sentra é uma boa proposta no cada vez mais restrito cenário brasileiro dos sedãs médios, e especialmente nesta versão SV, bem competitiva. Focado no consumidor que privilegia o espaço e o conforto sem abdicar de algum requinte, já aquele outro público, mais exigente em termos de sofisticação e esportividade, pode ficar decepcionado com a proposta, ou pelo menos com esta versão SV. Claro que os itens adicionais da versão SL tornam ele bem mais completo e atraente, no entanto, já entrando numa faixa de preço onde as opções de mercado se tornam ainda mais vastas, talvez por isso a proposta da marca Nissan não vem conseguindo chamar a atenção do publico como a qualidade do modelo mereceria. No mês de março foram apenas 345 unidades comercializadas, numero ainda menor em abril em que apenas saíram das concessionárias 232 veículos. No acumulado do ano foram 1001 sedãs Sentra que ganharam as ruas, números bem distantes das 15 988 unidades vendidas em 2019 do Toyota Corolla, o líder absoluto do segmento, dos 8 293 do Honda Civic ou ainda dos 6 346 Chevrolet Cruze. Fazendo parte de um segmento quem vem sendo erradamente preterido pelo consumidor, e brigando com concorrentes cada vez mais eficientes, requintados e tecnológicos, muitos deles anunciando para o final do ano novas propostas para o segmento, a Nissan também já sinalizou a chegada de uma evolução para o Sentra, só restando saber o nível de conteúdo e powertrain que a marca vai incorporar no seu modelo para assim diminuir a distância em relação aos números da concorrência.
Nissan Sentra SV
Design 7
Espaço e Conforto 8 Tecnologia 7
Acabamento 8
Motor / Consumo 7
Transmissão 6
Suspensão 7
Direção 8
Freios 8
Segurança e Auxílios 7
Total 73