A Renault vem crescendo no mercado brasileiro, e dois dos responsáveis por este resultado são seus modelos no segmento de SUVs compactos, o Captur e o Duster. Apesar de dividirem espaço nas concessionárias e de carregarem muitas similaridades, eles têm também características próprias, além do preço.
Por isso mesmo decidimos reunir as duas propostas nas versões que utilizam além do mesmo motor 1.6 SCe a transmissão automática do tipo CVT.Com isso conseguimos um bom ponto de partida para tentar ajudar nosso leitor, que eventualmente está dividido entre as duas opções, a saber qual é a mais próxima de corresponder às suas expectativas de acordo com o seu perfil e utilização.
Vamos então ao que importa. Esteticamente o Captur é naturalmente mais jovem, mais arrojado, moderno, muito atraente mesmo. Já o Duster, com mais anos de mercado, transparece um ar de maior robustez, muito por conta da altura da sua carroceria, bem evidente no espaço na caixa das rodas, passando a sensação de que é capaz de encarar qualquer parada. Ambos têm uma característica bem interessante e até mais próxima da essência deste perfil de veículos, a altura em relação ao solo. Se no Duster são 210 mm de vão livre, já em relação ao Captur essa distância é ainda maior, 212 mm, sendo inclusivamente uma referência no segmento, marcando um ponto bem favorável para ambas as propostas, que logo de caras mostram assim poder ir um pouco mais além.
Já quando falamos de ângulo de ataque, eles são de 30° no Duster e 23° no Captur. Já o ângulo de saída tem referências de 34,5° e 31° respetivamente. Com esses valores, e o já referido, e generoso, espaço entre a roda e a carroceria o Duster deixa evidente ser uma proposta mais adequada para quem por vezes, ou no dia a dia, precisa trafegar por caminhos mais exigentes, deixando para o Captur a responsabilidade de entregar uma carroceria mais moderna, e com alguns itens bem característicos dos modernos SUVs compactos de estilo mais urbano. Entre estas características o repetidor da seta nos espelhos retrovisores e as luzes diurnas em LED.
Os dois modelos vêm com faróis de neblina, mas com a particularidade da função Cornering Light, que acende a luz automaticamente para o lado em que o volante for esterçado, ser um item de série no Captur, bem como a chave/cartão que possibilita a abertura das portas por aproximação, destacando o perfil mais urbano da mais jovem das propostas. Já que falamos nos faróis, destaque para as lanternas traseiras, ambas com desenho em LED personalizando, deixando bem marcante as duas propostas.
Diferenças também nas rodas. Se no caso do Duster elas são de aro 16 em alumínio, já no caso do Captur são de 17” em liga leve e diamantadas . Podemos ainda destacar no Duster, o para-choques dianteiro e traseiro com aspecto robusto e peças na cor prata, característica que equilibra muito bem com as evidentes barras de teto longitudinais. Já o Captur é mais delicado nas linhas, embora de capô e linha de cintura alta, ele trás para o acabamento da carroceria linhas mais fluidas, com acabamento também em prata em ambos os para-choques, mas com um teto limpo de peças e onde o destaque é o biton do veículo, com o teto preto brilhante acompanhando a cor dos retrovisores externos que são de recolhimento elétrico.
Antes de passarmos para o interior, deixamos as principais dimensões das duas propostas da Renault. O entre-eixos é ligeiramente menor no Captur com 2.673 mm contra os 2.674 mm do Duster. Já no comprimento total o Duster é ligeiramente menor que o Captur, que entrega 4.329 mm. Na largura a vantagem é do Duster que tem 1.822 mm contra os 1.813 mm do Captur. Como referência final nas dimensões dos veículos, a altura, com mais um ponto que mostra a postura de aspecto mais robusto para o Duster já que tem 1.683 mm de altura, valor superior aos 1.619 mm do Captur.
Falando do interior, saldo positivo para os dois em termos de espaço, generoso para os ocupantes e muito particularmente para o condutor, já que em ambas as propostas conseguimos uma confortável posição de condução, bem ao gosto d quem compra veículos no segmento, com visão privilegiadamente elevada em relação a hatchs e sedans.
A multimídia é praticamente idêntica nos dois modelos, embora simples, ela é bem pratica e intuitiva, disponibilizando Android Auto e Apple CarPlay a mais nova evolução da central permite o uso de vários apps do seu smartphone, como Spotify, Waze, Google Maps e áudios de WhatsApp, em uma tela 7’’ touchscreen sensível ao toque. Ainda disponível a conexão ao telefone via Bluetooth, câmera de ré além do Eco Scoring e Eco Coaching, sistemas bem característicos da multimídia da Renault e que auxiliam o condutor a ter uma condução mais econômica. O painel do Captur é naturalmente mais moderno, sendo que este modelo apresenta também os melhores resultados em termos de qualidade dos materiais, melhor integração dos mesmos além de bom resultado no isolamento acústico.
Para ambos os habitáculos estão disponíveis encosto de cabeça para os cinco ocupantes, assim como vidros elétricos com sistema de um toque, bem como fixação Isofix para cadeirinha infantil e ar condicionado de uma zona. Ainda mostrando sua juventude em relação a seu irmão de marca, o Captur vem com painel de instrumentos digital, o que auxilia, entre outras coisas, a ter uma percepção bem clara da velocidade, através de números grandes e de imediata observação.
Ainda antes das referências dinâmicas uma palavra para o sempre importante espaço do porta-malas, com 437 litros no caso do Captur e 475 de volume no Duster, proporcionando duas das melhores referências do segmento quando falamos em possibilidade de transportar objetos volumosos, como malas, e sem rebatimento dos bancos.
Já na segurança são quatro airbags de série em todas as versões do Captur (frontal e lateral), com o Duster a entregar apenas o kit básico de bolsas frontais. Os freios são com a mesma configuração, de ABS com discos ventilados na dianteira e tambores na traseira.
Captur e Duster, sem serem destaques em conteúdo técnico ou tecnológico, não deixam, no entanto, de entregar alguns dos mais importantes requisitos de segurança e conforto que equipam os lideres do segmento. Como exemplos podemos referir o assistente de partida em rampa e o controle eletrônico de estabilidade e tração, que no caso do Duster é disponibilizado apenas para as duas versões de câmbio automático e motor 1.6, sendo que no Captur estes importantíssimos itens de segurança, particularmente o ESP, são disponibilizados para toda a linha.
Como referido, o ponto de partida para este nosso teste foi direcionar cada uma das propostas a partir do novo motor 1.6 SCe trabalhando em conjunto com o câmbio automático do tipo CVT, powertrain semelhante para ambas as propostas. Com todas as caraterísticas já descritas e adicionando o fator peso, 1.240 kg do Duster e 1.286 kg do Captur, vamos então descrever o comportamento dos dois produtos da Renault. Começando pela direção, eletro-hidráulica sentimos ela mais leve e rápida no Duster e um pouco mais dura, principalmente para manobras, no caso do Captur. Já quanto à suspensão, a configuração também é idêntica nas duas propostas, do tipo MacPherson na frente e semi-independente com barra estabilizadora na traseira, a solução sempre se mostrou outro ponto favorável, entregando um pouco mais elasticidade no caso da Duster, permitindo assim encarar alguns obstáculos que exijam um pouco mais de contorcionismo na área das rodas, sem abdicar do conforto e estabilidade em curva. Já o Captur tem seu ponto alto em estrada, onde apesar de sua postura elevada, entrega bons níveis de estabilidade, verdade que o conjunto não é muito macio, mas se mostra capaz de absorver muitas das irregularidades das nossas ruas e estradas. Se surpreendeu a capacidade para um offroad no caso do Duster, ficamos também agradavelmente surpreendidos com o comportamento do Captur em estrada, sempre estável, seguro e confortável.
Quanto aos freios a Renault foi conservadora na solução entregue, no entanto vale referir que de acordo com o perfil dos carros e sua performance, eles se mostraram eficientes e não podemos reclamar de sua eficácia.
Voltando ao powertrain, e relembrando que estamos a falar de dois veículos de tração dianteira, tanto potência como torque têm exatamente os mesmos valores nos dois modelos, com 118 cv (gasolina) e 120 cv (etanol) nas 5.500 rpm e torque de 16,2 kgfm tanto na gasolina como no etanol e entregue totalmente nas 4.000 rpm.
Com o mesmo tipo de transmissão, fica, no entanto a sensação de um pouco mais de agilidade por parte do Duster, contrapondo com a maior curva de crescimento do Captur. Se este conjunto mecânico é talvez a proposta mais equilibrada para ambos os modelos (que têm ainda versões com motores 2.0), suas limitações requerem cuidados em movimentos que exijam acelerações fortes como retomadas.
Com tanques de 50 litros para abastecer tanto de gasolina como de etanol, as duas propostas não têm na eficiência energética seu valor mais positivo. Em nosso circuito misto, e com as duas unidades abastecidas com etanol, foram médias de 7,7 km/l no caso do Captur e 7,4 km/l no Duster.
Ainda antes da conclusão, um olhar atento para a expressividade dos dois modelos no atual cenário do mercado brasileiro. Embora no mês de abril o Duster tenha terminado com um desempenho melhor que o Captur, 2015 contra 1871 unidades emplacadas, respetivamente, já no acumulado do ano, foram 8044 unidades que ganharam as ruas do Captur e 7503 do Duster. Ainda voltando ao desempenho dos últimos dois meses, uma curiosidade, o Captur conseguiu um feito nem sempre fácil, repetir o mesmo número de unidades emplacadas do mês anterior, ou seja, em março, e em dados da Fenabrave, também foram comercializados 1871 unidades do Renault Captur, exatamente o mesmo volume do mês de abril.
Conclusão do editor: Com preço sugerido para as versões avaliadas de R$ 78.190 no caso do Duster, e R$ 94.190 o Captur, as duas propostas da Renault podem atender dois perfis de clientes diferentes. Se você privilegia a praticidade, disponibilidade para uma estrada de terra mais frequente ou até diária, e abdica de alguns dos itens habitualmente disponibilizados nos modernos SUVs compactos, como repetidores de seta nos espelhos retrovisores, assinaturas em DRL ou ainda a possibilidade de entrar no carro sem tirar a chave do bolso, se tudo isso não parece ser importante para você, então sua escolha deverá ser o Duster, além disso economizará um bom dinheiro. Já se você faz questão de ter em seu veículo todos os itens acima descritos e numa proposta de design mais moderno, de perfil ou utilização mais urbana, e que ainda assim permite uma estrada de terra, porem mais esporádica, então sua escolha deve recair para o Captur. Ambos os modelos da Renault continuam apresentando uma ótima relação preço/qualidade, dentro do segmento, e se o Duster, apesar de seu maior tempo de mercado continua sendo desejado principalmente pelo seu aspecto robusto, o Captur tem no seu design moderno e interior espaçoso argumentos que justificam um olhar atento para eles antes de tomar a sua decisão. A disputa para ganhar o cliente pode estar na mesma concessionária e espero que nossa matéria tenha ajudado você a tomar essa decisão.
O Comparativo em números
Renault Duster 1.6 CVT Renault Captur 1.6 CVT
Design 6 8
Espaço e Conforto 7 7
Conectividade e Tecnologia 7 7
Acabamento 6 6
Motor / Consumo 6 6
Transmissão 7 7
Suspensão 7 7
Direção 7 7
Freios 6 6
Segurança e Auxílios 6 7
Total 65 68