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Foto do escritorRedação Publiracing

Frenagem em tempos de disrupção


Alexandre Casaril

Nos próximos anos, a indústria automotiva irá vivenciar ainda mais intensamente que nos últimos tempos transformações tecnológicas muito significativas, que serão impulsionadas por três grandes correntes. Uma delas é a segurança, à medida que o desenvolvimento de novos dispositivos e a otimização de dispositivos existentes possibilitarão tornar a circulação de veículos mais segura sem impactar o custo dos mesmos de forma proibitiva. O desejo de aumentar a segurança do condutor, dos passageiros e também do ambiente onde está inserido o veículo, incluindo pedestres e bens materiais, impulsionará a utilização cada vez maior de dispositivos de segurança, seja pelo desejo do consumidor ou mesmo por força de legislação.

No Brasil, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) estuda atualmente um conjunto com dezenas de medidas que visam incrementar a segurança no trânsito. Um dos passos mais importantes nessa jornada em nosso País será a obrigatoriedade do ESC, um dispositivo que utiliza artifícios de frenagem para auxiliar o condutor em situações de perda iminente do controle do veículo. A exemplo do que ocorreu com os dispositivos de ABS e airbag em 2014, também o ESC passará a ser obrigatório a partir de 2020 para novos modelos e se consolidará em 2024 para toda gama de veículos.

Outra grande corrente de inovação, que vem impulsionando a transformação da indústria automotiva e o fará de forma cada vez mais contundente nos próximos anos, é a eletrificação da tração veicular. A demanda pela eliminação de agentes poluidores oriundos de motores à combustão, principalmente em ambientes urbanos, tem alavancado fortemente o desenvolvimento de modelos elétricos cada vez mais competitivos. A longo prazo, entende-se que a eletrificação será uma solução mais sustentável do que a combustão interna, sob os aspectos de interesse que abrangem a construção, a utilização e a disposição de veículos automotores.

Na perspectiva do sistema de freio, uma vez que a eletrificação possibilita a regeneração de uma grande fração da energia dissipada no controle de velocidade do veículo, espera-se uma alteração significativa no regime de serviço. Estudos comparativos com veículos de passageiros indicam que em situações comuns de trafegabilidade um veículo com motor elétrico e capacidade de regeneração de energia de frenagem pode reduzir em mais de 80% o número de atuações do freio de fricção e em mais de 90% a energia dissipada pelo mesmo, quando comparado a um veículo de combustão interna, sem regeneração de energia. Frente a estes dados, é pertinente admitir que há grandes oportunidades para otimizar ou mesmo redesenhar os sistemas de freio de fricção, além de se utilizar materiais mais leves e tecnológicos em benefício da redução de massa e em nome da eficiência energética, buscando compensar o impacto das baterias na massa total do veículo.

Uma terceira corrente que deverá impactar não apenas a construção dos veículos automotores, mas também o próprio relacionamento que temos com eles é a ascensão da direção autônoma. Com um forte apelo de segurança, ao passo em que eliminará o fator humano da condução dos veículos, e também de produtividade, visto que nosso tempo em deslocamento poderá ser mais bem aproveitado, a direção autônoma tem se mostrado promissora para virar realidade num horizonte dos próximos 10 a 20 anos.

Essas e outras tecnologias serão discutidas no 14º Colloquium Internacional SAE BRASIL de Freios & Mostra de Engenharia – Controle de Movimentos, que irá receber especialistas de renome no mercado para discussões técnicas e trocas de experiência nos dias 8 e 9 de maio, na Casa Perlage, em Farroupilha, RS, com o objetivo de contribuir para a competitividade da indústria brasileira neste cenário de desafios.

* Alexandre Casaril é chefe de Engenharia e Inovação da Fras-le e chairperson do 14º Colloquium Internacional SAE BRASIL de Freios & Mostra de Engenharia – Controle de Movimentos

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