O modelo alvo de nossa atenção neste teste acabou de completar a bonita marca de 110 mil unidades vendidas no país. Com um crescimento superior a 22% nos três primeiros meses de 2019 em relação ao mesmo período do ano anterior o Fiat Argo vem-se consolidando no mercado brasileiro através de uma vasta gama de opções (atualmente são 7), da inicial proposta 1.0, passando pela nova versão Trekking de motor 1.3 e terminando no pequeno esportivo HGT de motor 1.8, a versão avaliada por nós, dias antes da chegada da linha 2020 apresentada precisamente na semana em que escrevemos este texto.
Ainda antes de falarmos particularmente do nosso HGT, mais alguns dados importantes do desempenho do Argo nas concessionárias. Olhando para os três primeiros meses do ano, foram 16 235 unidades emplacadas (dados da Fenabrave), o que representou a sexta colocação na lista dos modelos mais vendidos no Brasil. Com 6673 unidades vendidas em Fevereiro e 4643 no mês de março, mês especialmente mais curto em 2019 pelo carnaval, o Argo aparece assim como quarta força no segmento, só perdendo para Chevrolet Onix, Hyundai HB20 e Ford Ka, mas aparecendo na frente de Volkswagen Polo, Renault Sandero ou Toyota Yaris.
Foi então com muito interesse que dedicamos uma semana para conhecer detalhadamente a versão mais apimentada do Argo. Como referimos nas postagens que vamos realizando em nossas redes sociais ao longo dos testes, é muito louvável quando as montadoras respeitam um restrito grupo de clientes, proporcionando uma versão diferenciada e direcionada para quem gosta de um pouco mais de esportividade e exclusividade. Com origem em veículos originalmente populares, estas versões de pequenos esportivos têm um vasto leque de opções em mercados maduros como o europeu, já no Brasil são raras as propostas que chegam até às concessionárias. Podemos listar aqui, e olhando apenas para os últimos 5 anos, modelos como o DS3 e Peugeot 208 GT do grupo PSA, o Renault Sandero R.S. e o alvo de nossa atenção desta vez, a versão HGT do Fiat Argo.
Cabe aqui um parêntesis para referir que a versão testada pela nossa equipe, de câmbio manual, e muito apreciada por sinal pela nossa equipe, acabou de sair da lista de opções para a versão HGT, que a partir deste momento passa a ter apenas disponível a transmissão automática de seis marchas, segundo a marca a preferência da grande maioria do publico, mas adicionando o KIT STILE como opcional e que vem com borboletas atrás do volante para trocas manuais.
Esteticamente ele se diferencia do restante da linha pelos apêndices aerodinâmicos que deixam a proposta bem atraente. A frente carrega os traços bem elegantes do Argo, realçando a esportividade através do para-choque em duas cores, mesclando a cor da carroceria com as peças pretas que acompanham os dois níveis do sistema de iluminação. Em nível superior os faróis principais e em nível inferior os de neblina, unidos pela bonita grade inferior dianteira com aplique na cor vermelha, dando um toque de exclusividade muito especial ao modelo. São ainda destaques o aerofólio traseiro e capa dos retrovisores com pintura exclusiva na cor cinza, as molduras sobre as caixas de roda, para-choque traseiro com moldura inferior também exclusiva e onde fica evidente o escapamento traseiro esportivo.
Uma exclusividade do modelo testado por nós, e adquirido na concessionária pelo preço de R$ 3.590 o Kit Stile que adiciona aos itens de série o apoio de braço no banco motorista, o volante revestido em couro, piloto automático, as lindíssimas rodas de liga leve 17" onde são montados pneus mais largos e de perfil mais baixo com medida 205/50 R17 e a possibilidade de realizar as trocas de marchas atrás do volante através das borboletas. Além disso, o Kit vendido separadamente ainda entrega bancos revestidos em couro. Para quem quer dar um ar de exclusividade ainda maior ao seu Argo a Fiat disponibiliza agora a opção do Kit Bicolor, vendido por R$ 899,00 e que entrega seis diferentes conjugações de cores para teto, retrovisores e detalhe do para-choque dianteiro.
Para terminar nossa observação externa, deixamos as principais dimensões do hatch da Fiat. São 4000 mm de comprimento, 1750 mm da largura, 1505 mm de altura e para terminar a importante referência de 2521 mm de distância entre os eixos.
Vamos agora conhecer o interior do Argo HGT. Chama nossa atenção imediatamente o contraste do tom escuro do painel com a peça vermelha que percorre toda a largura do painel e onde foram colocadas as saídas de ar centrais. O ar de esportividade é impactante, e ajuda na ótima impressão que passa todo o interior do veículo. As peças são de boa qualidade, de acabamento muito interessante e bem integradas, o que proporciona um interior bem sólido, e que se manifestou silencioso e sem ruídos incômodos ao longo do nosso teste. O Argo ainda entrega o que é para nós o melhor posicionamento para as centrais multimídia nos veículos. Na parte superior central do painel e de fácil leitura, sem exigir que o condutor desvie muito sua atenção do horizonte à sua frente, ela é de 7" Touchscreen com Android Auto e Apple Car Play, naturalmente disponibilizando conexão via Bluetooth, com entrada USB (também atrás) e sistema de reconhecimento de voz.
A unidade testada pela nossa equipe tinha muitos dos opcionais que são adquiridos em Kits e que adicionam conteúdo ao Argo. O Pack Confort adiciona pelo preço de R$ 1.190 os retrovisores externos elétricos com função Tilt Down e setas integradas além da câmera de ré. Já o Kit Teck adiciona pelo preço de R$ 3.490 o Keyless entry'n'go, que permite o acesso ao interior do veículo sem tirar a chave do bolso, os retrovisores externos com rebatimento elétrico e luz de conforto, o ar condicionado digital, quadro de instrumentos de alta resolução TFT de 7'' personalizável e ainda sensores de chuva e crepuscular. Adicionando a todos eles o mencionado no inicio Kit Stile, o valor total sugerido para nosso Argo nas concessionárias é de R$ 78.260 deixando ele bem completo e confortável, agradável e principalmente, muito divertido.
Continuando nossa descrição ao conteúdo interno do Argo, referências para os cintos de segurança de três pontos e encosto de cabeça, disponibilizados para as cinco posições, já o banco traseiro é rebatível e bi-partido 60/40 e com sistema de fixação para cadeira de criança (Isofix).
O volante é de ótima textura e espessura, com regulagem de altura e profundidade e incorporando os comandos de rádio e telefone. Terminando nossa descrição ao interior do Argo HGT, referir ainda os 300 litros de volume no porta-malas, e os vidros elétricos dianteiros e traseiros com one touch e antiesmagamento. De uma forma resumida, o habitáculo do Argo HGT é muito agradável, entregando além do ar de esportividade, conforto e praticidade no acesso aos principais comandos e informações, repetindo a avaliação que fizemos em relação ao seu irmão maior Cronos, que também passa a sensação de estarmos ao volante de um veículo de categoria superior.
Hora então de ligar o motor e iniciar o teste dinâmico. Inicialmente, e bem na nossa frente, observamos o bonito, prático e intuitivo painel de instrumentos disponibilizado através de uma tela de alta resolução TFT de 7'' onde de forma dinâmica podemos avaliar parâmetros como velocidade, distância, consumo médio, consumo instantâneo, autonomia, velocidade média e tempo de percurso ou pressão do pneus entre muitos outros. O aspecto gráfico digital acompanha o conteúdo geral do carro, bem moderno e tecnológico.
Já que falamos em tecnologia, referencias para os sistemas de controle de estabilidade e tração, sinalização de frenagem de emergência e auxilio de saída em rampa. O airbag é duplo para condutor e passageiro, mas pode ser incrementado, com o pacote especifico que pelo preço sugerido no site da marca de R$ 2.550 adiciona duas bolsas laterais destinadas a diminuir o efeito dos embates laterais. Ainda diretamente relacionado com a segurança falamos dos freios, que são de disco na frente e tambor na traseira, com ABS e EBD, e que ao longo de todo o teste sempre se mostraram eficientes para frear ou parar totalmente o Argo nesta versão HGT, que tem de peso declarado de 1243 Kg.
O motor do nosso hothatch é o conhecido 1.8 (1.747 cm³) 16V ( quatro válvulas por cilindro) E.TORQ de tecnologia Flex e que disponibiliza 135 cv às 5.750 rpm quando abastecido com gasolina ou 139 cv nas mesmas 5.750 rpm se a opção for por abastecer o tanque de 48 litros com etanol. O torque que entrega é de 18,8 kgfm nas 3.750 rpm (gasolina) e 19,3 kgfm nas 3.750 rpm (etanol). Este motor transversal dianteiro de 4 cilindros em linha com injeção eletrônica multiponto sequencial da Magnetti Marelli é o mesmo utilizado em outra versão, a Precision, além do seu irmão Cronos, no entanto com ajustes que lhe conferem um pouco mais de agilidade, permitindo ir dos 0 a 100 km/h em 9,6s (gasolina) ou 9,2s (etanol). Se obviamente não é nada de extraordinário para um veículo com estas características, é o suficiente para transmitir emoção adicional para o dia a dia do seu proprietário.
Como referido, a versão avaliada por nós era de transmissão manual de cinco marchas, de escalonamento naturalmente mais curto, mas de crescimento linear e muito interessante. Com isso pudemos curtir, e muito, nosso Argo HGT. Uma curiosidade era avaliar como se comportava a suspensão de ajuste mais esportivo, sabendo que os pneus eram de perfil mais baixo. Surpreendentemente a engenharia da Fiat conseguiu um equilíbrio muito bom entre estabilidade e conforto, e utilizando a solução mais tradicional para este perfil de veiculo, com suspensão Mc Pherson com rodas independentes, na dianteira e o eixo de torção na traseira com rodas semi independentes. Com o seu centro de gravidade um pouco mais baixo e um bom acerto de suspensão o Argo HGT consegue passar confiança e reage muito bem aos movimentos da direção elétrica.
Se a emoção fala mais alto e naturalmente somos levados a esquecer, por momentos, a relevância dos dados de autonomia para o modelo, ao final do nosso teste temos a certeza que conseguimos interpretar e simular, a grande maioria dos utilizadores desta versão, que dirige seu carro no dia a dia, mas que utiliza seus recursos para um deslocamento mais ágil, da mesma forma que na estrada aproveita sua capacidade para viagens mais seguras através dos recursos que ele oferece. Quem quer um Argo de motor 1.8 e praticamente com o mesmo nível de equipamento, mas sem o apelo esportivo, pode optar pela versão Precision. A versão HGT é para quem gosta de ter os seus sentidos despertados, não só pelo toque estético da esportividade, mas também pela sensação facilmente perceptível na capacidade de resposta, com isso naturalmente comprometemos a eficiência. Em nosso circuito misto, concluímos com uma média de 8.1 km/l, sempre abastecido com etanol, o que acabou por ser um interessante resultado, dadas as características do modelo. No entanto com a chegada da linha 2020 restou para as duas versões de motor 1.8 a transmissão automática de seis marchas, com isso, e segundo os dados do INMETRO, sua eficiência diminui para 6,9 km/l na cidade e 9,1 km/l em estrada, utilizando a nossa escolha de combustível que foi o etanol.
Conclusão do editor – O Argo HGT é um veiculo delicioso, de apelo esportivo, atraente, bem equipado e muito agradável no seu interior. Com ele a Fiat resgata um pouco de sua história de esportividade onde sem dúvida alguma um dos destaques foi, lá nos anos 80, o Fiat Uno Turbo iE. Uma máquina incrível que entregava exclusividade e uma agilidade incrível numa proposta de apelo mais popular. Exatamente o que a Fiat conseguiu agora no Brasil com o Argo. Repetindo o que dissemos no inicio do nosso texto, é louvável a atitude da Fiat em oferecer uma versão bem segmentada e para um grupo restrito de clientes. Afinal é muito mais este tipo de cliente que dificilmente muda de marca, que é fiel a valores e características que cada montadora deveria atrelar ao seu emblema. Depois de alguns anos de derrapagem no Brasil, a Fiat vem resgatando seu espaço com produtos bem interessantes como o Argo, mas acima de tudo com exclusividades que mostram o quanto ela respeita o seu cliente, por menor que seja a expressividade de determinado segmento, como é o caso do Argo na versão HGT, ajudando assim a ficar mais claro, principalmente para os desatentos, a razão da Fiat ter voltado a crescer de forma consolidada no Brasil. O respeito pelo cliente, que está cada vez mais exigente e quer exclusividade, acrescido da personalização do seu veículo e que assim o façam sentir único, mas ao mesmo tempo fazendo parte de uma história, de uma "tribo". No caso da Fiat, a história de uma marca que tem no seu passado “glórias” como o Fiat 131 Abarth, vencedor de diversos títulos no mundial de ralis.
Avaliação: Fiat Argo HGT
Design 8
Espaço e Conforto 8
Conectividade e Tecnologia 8
Acabamento 7
Motor / Consumo 7
Transmissão 7
Suspensão 8
Direção 7
Freios 7
Segurança e Auxílios 7
Total 74