Se tem um veículo que é referência no privilegiado universo das chamadas picapes médias, a Hilux da Toyota é com toda a certeza uma delas. Herança de uma história de cinco décadas de ótimos veículos, inicialmente para o trabalho, mas que com o passar dos anos se transformou também em um dos mais desejados veículos para o dia a dia, na cidade ou no campo.
Foi para conhecer as recentes intervenções ao modelo, que a Revista Publiracing recebeu em sua redação para um teste de alguns dias a versão SR 4x2 com câmbio automático.
Vamos então ao que a nova geração da Hilux tem de novo, seu visual. A frente foi especialmente bem trabalhada, com um novo para-choque na cor do veículo, onde no centro é agora destaque a grade negra de moldura cromada e onde fica posicionado, no central, o grande logo da Toyota. Também as mascaras dos faróis de neblina são negras e com acabamento cromado nas molduras, reforçando a elegância da picape. O grupo ótico frontal, com acendimento automático dos faróis e temporizador follow me, ficou esteticamente muito mais atraente em faróis que trazem nesta versão luz de condução diurna DRL, completando assim o ótimo trabalho realizado no design da Hilux.
Lateralmente são pouquíssimas alterações em relação à geração anterior, observando como destaques as maçanetas de abertura das portas na cor da carroceria, os espelhos retrovisores escuros com sinalizadores de mudança de direção, as rodas de liga leve de 17 polegadas onde são instalados os pneus de medida 265/65 R17 e ainda os estribos laterais na cor preta. Cabe aqui um parêntesis para referir que a versão testada por nós é a de preço mais baixo em relação às disponibilizadas com câmbio automático, e que opção imediatamente a seguir no catálogo do modelo, a SRV, além dos adicionais técnicos como controles eletrônicos de estabilidade e de tração, tem também aplicadas alterações estéticas nos espelhos retrovisores e maçanetas das portas, que são neste caso de acabamento cromado. Também diferente na versão SRV o aro das rodas, que é de 18 polegadas.
Para terminarmos nossa observação externa destaque ainda para o grande para-choque traseiro cromado e para os para-barros dianteiro e traseiro, dando aquele toque de off-road bem característico do DNA do modelo.
Já no interior, observamos que nossa Hilux vem com bancos de tecido, e inalterada em relação ao espaço disponibilizado, muito bom para os cinco passageiros quado falamos de espaço lateral, mas já em altura, o posicionamento elevado do banco traseiro deixa a cabeça dos ocupantes de estatura mais elevada bem próxima do teto, o que pode condicionar o conforto especialmente em situações de piso irregular onde a traseira pula bastante numa situação que veremos mais a frente. Esta situação não é exclusividade da Hilux, e sim uma realidade de praticamente todas as picapes médias.
Destaque para os diversos espaços espalhados pelo interior, onde destacamos o localizado no console central entre os bancos dianteiros, com porta-copos além do porta-objetos com tampa e descansa-braços. Referência ainda para o compartimento refrigerado no painel.
Para dar sofisticação ao modelo as maçanetas internas são cromadas mas o acabamento em couro fica exclusivo para o volante e manopla de câmbio. O ar-condicionado, apesar de não ser digital, tem um funcionamento muito eficiente. As peças que compõem o interior da Hilux SR são solidas e de ótima integração, resultando num acabamento que apesar de deixar de lado a sofisticação, mantem uma “tradição” da marca, ao entregar produtos de acabamento consistente.
Apesar de ser uma proposta que pode ser utilizada no trabalho, o cuidado com os itens de segurança e conectividade são entregues em níveis interessantes, refletindo a preocupação da marca em olhar para uma grande maioria dos clientes do produto, que usa a picape no dia a dia, e que vai pagar R$ 117.990 por ter em sua garagem uma picape que é referência.
Destacamos ainda a bem colocada central multimídia, Toyota Play de 7 polegadas com navegador, rádio com CD Player/MP3, conexão auxiliar USB e Bluetooth e as particularidades da marca em entregar de série a TV Digital e o DVD. Embora com a imagem só disponível com o veículo parado, é sempre uma interessante facilidade. No entanto, cabe aqui um parêntesis para a impossibilidade de espelhamento de smartphone, além do ultrapassado e pouco prático display da multimídia, nada prático, confuso até, lento nos comandos e necessitando de intervenção (modernização) urgente.
Mas é chegada a hora de conhecer um pouco mais do comportamento da nossa Hilux. Como a mecânica não trás novidades nesta última atualização, sabemos de antemão que o motor ideal para a picape é o diesel. Se olharmos para as duas propostas de motorização disponibilizadas, exatamente com a mesma configuração de acabamento, a SR de câmbio automático, a escolha pela motorização diesel vai obrigar você, leitor da Revista Publiracing, a desembolsar nada menos que R$ 43.570 mil a mais em relação à versão equipada com o motor Flex, versão testado pela nossa equipe. É aqui que entra uma conta muito simples de fazer em casa antes de escolher sua nova picape da Toyota. Veja se a média de quilômetros que você percorre anualmente multiplicado pelo numero de anos que você pretende ficar com a sua picape, e o consequente consumo superior da versão Flex 2.8L justifica o investimento pela versão diesel. É claro que quando referimos que a versão ideal é a equipada com motor diesel, não é só pensando nas questões do preço de combustível e de sua eficiência, muito melhor no diesel, mas também pela sua força e agilidade, assimilando como fato obvio que o “coração” ideal para qualquer veículo deste perfil é mesmo uma motorização diesel.
Em relação às referencias mais importantes da nossa picape, destacamos os 5.315 mm de comprimento, 1.855 mm de largura, 1.815 mm de altura e o entre-eixos de 3.085 mm.
A caçamba é bem generosa e entrega uma capacidade de carga de 830 kg e aproximadamente 1.100 litros de volume de carga. Boas referências para quem utiliza sua picape para trabalhar. Já para quem necessita fazer da caçamba seu porta-malas, apesar de nossa versão SR Flex já trazer o protetor de caçamba, será necessário adquirir separadamente a capota marítima, já que este item apenas é de série a partir da versão SRX 4x4 Diesel.
Em termos de segurança, esta versão SR vem com freios ABS com EBD (disco ventilado na frente e tambor atrás), mas tem a ausência notada do VSC (controle eletrônico de estabilidade) e A-TRC (controle eletrônico de tração), só disponíveis na versão imediatamente a seguir, a SRV.
Hora então de darmos partida ao motor dianteiro, longitudinal, de quatro cilindros em linha, 16 válvulas, 2.694 cm³, Flex, Dual VVT-i 2.7L e DOHC (Double Overhead Camshaft) ou Duplo Comando de Válvulas no Cabeçote. A tecnologia VVT-i significa Variable Valve Timing Intelligence. Traduzindo é: Inteligência de Variação do Tempo de abertura das Válvulas. Esse termo é utilizado pela Toyota para o sistema de variação do tempo de abertura das válvulas de admissão do motor, e que junto com a tecnologia de duplo comando de válvulas melhora tanto as respostas do motor como sua eficiência energética.
A sensação imediata ao fim de alguns quilômetros é a correta integração do câmbio automático de seis marchas com o motor Flex desta versão SR 4x2. As passagens de marcha são suaves e realizadas de forma inteligente, no entanto a agilidade fica comprometida pelas naturais limitações do motor. Esta opção de motor Flex condiciona também a eficiência energética, tornando praticamente proibitivo o uso do etanol mesmo utilizando o modo ECO, mas entregando um consumo mais racional se abastecido o tanque de 80 litros com gasolina. Nossa equipe percorreu cerca de 550 km em estrada com a Hilux abastecida com gasolina e conseguimos uma média bem mais simpática de 7,9 km/l.
Com torque de 25,0 kgf.m disponibilizado nas 4.000 rpm e potência de 163 cv com etanol e 159 cv se abastecido com gasolina, com ambos os combustíveis a potencia máxima é disponibilizada nas 5.000 rpm. Esta opção de acabamento é disponibilizada ainda na configuração inicial com o câmbio manual de cinco marchas, opções de transmissão também disponíveis para a versão SRV 4x2. Já nas versões equipadas com o motor Turbo diesel 2.8L de 16 válvulas e 4x4, é mantida a opção pelo cambio automático, mas já o manual é para este motor de seis marchas.
Apesar de sua imponência, a Hilux SR é fácil de dirigir na cidade, com a desejada elevada posição de condução, ótima visibilidade, e com a direção hidráulica mostrando-se leve nas manobras do dia a dia, de ângulo de esterço reduzido e eficaz precisão, proporcionando uma condução muito segura em qualquer tipo de circunstancia ou terreno.
Onde sua característica “bruta” também fica evidente, é na suspensão, independente com braços sobrepostos e molas helicoidais na dianteira e eixo rígido com feixe de molas na traseira. A configuração entrega uma natural capacidade para carga, mas também reflete uma dureza que para alguns pode ser incomoda. Muito mais que um defeito, é uma característica deste tipo de veículo, com cabine sobre chassi, que através do feixe de molas entrega uma solução de suspensão mais rígida, de mais capacidade de carga, que requer menos manutenção, aplicada por isso mesmo como opção técnica em veículos mais aptos ao trabalho pesado, mas ao mesmo tempo, que pouco adiciona ao conforto o que pode incomodar ao passar por uma simples lombada.
Onde também é preciso ter um certo cuidado, principalmente se dirigindo com pouco peso na traseira, é no deslocamento a velocidades maiores em pisos de asfalto irregulares, a tendência para decolar a traseira, reação naturalmente ocasionada pela dureza característica da proposta, exige uma atenção extra quando dirigindo nestas circunstâncias, não sendo incomum a necessária correção de posicionamento na pista.
Outra questão muito importante deve ficar bem clara em você que pensa comprar uma picape como a Hilux. Se sua postura imponente, até na altura da carroceria em relação ao solo, nos leva a imaginar que estamos preparados para encarar qualquer parada no off-road, no entanto, a limitação de ter um veículo de apenas tração traseira 4x2, pode condicionar, e de que forma, o desempenho de nossa evolução em determinados tipos de terreno. Se sua ideia é ir para a areia da praia ou para um terreno mais fofo e com pouco peso na caçamba, você pode ser um presa fácil, ficando atolado e perdendo sua tarde de domingo esperando a ajuda dos amigos ou do guincho.
Palavras finais para o desempenho do modelo nas concessionárias. A Hilux continua sua disputa muito particular com o modelo S10 da Chevrolet, com clara vantagem para o modelo japonês neste inicio de 2019. Foram 3257 unidades vendidas em janeiro e 2882 em fevereiro, totalizando 6139 veículos emplacados até final do segundo mês do ano, dados da Fenabrave. Já sua rival direta totalizou 4090 unidades vendidas. Neste seleto grupo de veículos, destaque ainda para a disputa pelos terceiro e quarto lugares, com 2931 e 2774 para Ford Ranger e Volkswagen Amarok, e ainda as tradicionais L200 da Mitsubishi e Nissan Frontier com 1578 e 1139, respetivamente. Também renovada recentemente a Nissan Frontier foi curiosamente a única picape que evoluiu positivamente nas vendas em fevereiro.
Resumo da nossa equipe - A Toyota Hilux nesta versão SR 4x2 Flex de câmbio automático é um veículo direcionado para quem deseja o posicionamento elevado e a postura diferenciada associada ao status que invariavelmente é o desejo de quem adquire este tipo de veículo. A Hilux corresponde às expectativas e entrega um bom nível de sofisticação, sendo nesta versão Flex uma possível escolha se utilizada na média padrão de até 15 mil quilômetros percorridos anualmente (a partir dai as versões de motor diesel devem ser avaliadas). No entanto nos parece que a versão SRV, com preço de referencia de R$ 129.990 é a mais equilibrada, tanto pelas questões estéticas de acabamento, mas principalmente pelos itens adicionais de segurança.
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Avaliação: Toyota Hilux SR 4x2 AT
Design 8
Espaço e Conforto 7
Conectividade e Tecnologia 6
Acabamento 8
Motor / Consumo 6
Transmissão 8
Suspensão 7
Direção 8
Freios 7
Segurança e Auxílios 7
Total 72