No teste desta semana, a equipe da Revista Publiracing decidiu juntar duas opções que apesar de motorização idêntica (1.5 L), seguem, no entanto, caminhos diferentes quanto ao objetivo final de chamar a atenção para seus atributos. Se o modelo WR-V da Honda é um Crossover que olha para o dia a dia na cidade de forma mais ampla, já que seu DNA é aventureiro, o Yaris da Toyota é para quem gosta de muito mais agilidade. Reunimos assim os dois modelos nas suas versões mais completas, a EXL (Honda) e XLS (Toyota) para que nosso leitor possa entender qual se identifica mais com o seu perfil, e na hora de ir às compras, saber qual dos japoneses escolher para ocupar um lugar em sua garagem.
As diferenças entre os dois modelos começam naturalmente nas suas referências. No caso do Honda a distância entre eixos é de 2.555 mm, com comprimento de 4.000 mm e 1.734 mm de largura. Já no caso do modelo da Toyota sua distancia entre eixos é de 2,550 mm, menor em 5 mm que o Honda, 4.145 mm de comprimento, diferença notória numa simples observação, e ainda a largura, 1.730 mm, ligeiramente inferior ao Honda. Já refletindo um pouco do direcionamento das propostas, o Honda apresenta 1.599 mm de altura até ao rack de teto, veículo com um centro de gravidade mais alto, fruto do natural acerto mais “polivalente” da suspensão. Já o novo hatchback da Toyota espelha seu posicionamento mais baixo com 1.490 mm de altura.
Observando os dois veículos com atenção e aproveitando a descrição das principais dimensões de ambos, momento para referir o tipo de pneu escolhido pelas montadoras. Se a Honda optou por instalar nas elegantes rodas de liga leve aro 16” os pneus de medida 195/60 R16 de utilização mista, já a Toyota escolheu “sapatos” mais estreitos de medida 185/60 R15, em aro menor, 15”, no entanto esta opção se integra na perfeição na versão XLS, expondo até alguma esportividade ao modelo nesta opção mais completa do Yaris.
O Honda WR-V ficou muito mais elegante e moderno em sua última atualização, com a frente e capô elevados, conseguindo de forma interessante certo ar de robustez nas linhas. Esteticamente as duas propostas trazem muitos dos atrativos indispensáveis para uma boa parte dos condutores, como por exemplo, a assinatura diurna (DRL), faróis de neblina, espelhos retrovisores na cor da carroceria e com luzes de mudança de direção incorporada. Ainda comum aos dois modelos os faróis de halogênio (no caso do Yaris as lanternas traseiras são em LED). O Yaris tem ainda algumas particularidades que lhe conferem um conteúdo superior, como a terceira coluna em acabamento preto, e muito especialmente o teto solar, item muito desejado, especialmente no Brasil que proporciona noites quentes e bonitas. Ainda na estética, se no WR-V as maçanetas das portas são da cor da carroceria, já no Yaris elas são cromadas, transmitindo assim um pouco mais sofisticação ao modelo.
Como comentário final ao design externo dos dois modelos, no WR-V os destaques são mesmo o capô elevado, dando envergadura ao modelo, e as características barras de teto longitudinais, reflexo do DNA aventureiro da proposta. Já no Toyota, o destaque fica por conta da preponderante grade dianteira com acabamento black no para choques, frente que incorpora ainda detalhes na cor do veículo e cromados.
Já no interior, ambos entregam uma boa posição de condução, mas naturalmente mais elevada na proposta da Honda. Semelhanças no revestimento em couro dos bancos, acabamento ainda utilizado para pormenores como; portas, volante ou no acabamento da alavanca da transmissão.
Já a central multimídia é em ambos os veículos sensível ao toque e de sete polegadas, mais intuitiva no caso da proposta da Honda, e mais confusa, pouco prática e pedindo uma atualização no caso da Toyota. Em ambos os níveis de acabamento as marcas disponibilizam câmera de ré e o sistema de áudio é também idêntico para os dois veículos, com distribuição do som através de quatro alto-falantes e dois tweeters, de boa qualidade nos dois modelos, o conjunto respeita o valor pago pelo cliente em ambas as propostas.
Descrevendo neste teste modelos que têm suas marcas associadas a características como a solidez no acabamento interior, não poderíamos deixar de referir que em ambas as propostas as peças são bem integradas, proporcionando reduzidos níveis de ruído na cabine. Outro ponto positivo é o espaço disponibilizado, generoso para todos os ocupantes, e com as reservas naturais para a posição central do banco traseiro, sempre um pouco mais limitada especialmente se ocupada por um adulto de estatura elevada. Olhando para o espaço do porta-malas, a vantagem é do Honda, que entrega 365L de volume, superior aos 310L disponibilizados pelo modelo da Toyota. Com ar condicionado digital nas duas opções, onde realmente o Toyota se destaca é na disponibilização de itens como o sistema de destravamento das portas por aproximação, através de sensores na chave, com botão Push Start no sistema de partida do motor, e também no desejado, e já comentado, teto solar.
Ainda antes de finalizarmos nossa descrição ao interior, referir que ambos os veículos disponibilizam no banco traseiro o sistema universal Isofix para fixação de cadeirinhas infantis. Já na proteção aos ocupantes, o Toyota Yaris vem com airbag frontal, lateral, de cortina ((dois sistemas com duas bolsas cada) e ainda airbag de joelho protegendo o motorista. Já no caso do Honda WR-V o conjunto inclui bolsas frontais, laterais e de cortina.
Em nosso título chamando para esta matéria, fazemos referencia para motorizações idênticas nos dois modelos. Com motores de 1.5L eles reservam ainda outra semelhança, o tipo de câmbio escolhido pelas marcas para completar o conjunto, uma transmissão do tipo CVT que simula 7 marchas. No entanto, após dirigir os dois carros durante alguns dias fica claro que o conjunto motor/câmbio apenas é semelhante no papel.
O motor do Honda é o 16V SOHC i-VTEC Flex, que entrega 116 cv nas 6.000 rpm (etanol). Já no caso do Yaris a Toyota apostou na motorização que já equipava o Etios, o 4 cilindros também de 16V e com 1496 cm³, que disponibiliza 110 cv nas 5.600 rpm (etanol).
Mantendo as referências para esta mesma opção de combustível, o Honda entrega um torque de 15.3 kgf.m nas 4800 rpm, já o motor do Yaris 14,9 kgf.m a 4.000 rpm.
Em cidade ou na estrada o Honda é uma proposta de reações mais suaves, respeitando sua característica mais aventureira e de centro de gravidade com alguns centímetros adicionais. Já o Toyota Yaris surpreendeu pela diversão. Rápido e ágil ele se mostrou uma proposta de reações muito interessantes. As rotações do modelo da Toyota crescem de forma continua e muito inteligente dando a sensação de um câmbio de engrenagens, algo que foi muito bem trabalhado pela marca.
As respostas rápidas e precisas do sistema de direção (assistida eletricamente em ambos os modelos) ajudaram ainda mais nesta agradável sensação de segurança e precisão ao dirigir o Yaris. No entanto, direção bem trabalhada não é exclusividade da Toyota, já que o modelo da Honda entrega também ele uma direção de giro fácil e preciso, o que permite manobras rápidas em curtos espaços.
Em relação ao consumo o modelo da Toyota foi também ele mais favorável na eficiência em nosso circuito misto. Com ambos os modelos abastecidos com etanol, o Yaris conseguiu uma média de 8,9 km/l. Já no WR-V a média conseguida pela nossa equipe foi de 8,9 km/l. Como característica importante referir a reduzida diferença entre o consumo urbano e em estrada, no caso do modelo da Honda, valores muito próximos, tanto em nosso teste como nos de referência do INMETRO. Já no Toyota a diferença é bem maior, no mínimo dois quilômetros por litro entre os dois tipos de circuito, existindo inclusivamente margem para uma diferença ainda maior devido ao conjunto mecânico de ótima configuração.
Já na suspensão a Honda utilizou uma solução que privilegia o conforto, dianteira MacPherson e na traseira Multi-link. Com esse conjunto de mais recursos, o WR-V mostra-se muito interessante na absorção das irregularidades das pistas brasileiras, sendo inclusivamente capaz de percorrer caminhos de terra com nível de exigência baixo, claro, mas tudo isso sem perder o conforto e eficiência, já que a correta afinação do conjunto de molas e amortecedores mantem o WR-V sempre em contato com o solo
O Yaris entrega uma solução mais conservadora, com MacPherson na dianteira e eixo de torção na traseira, no entanto, ele é ótimo tanto em conforto, como quando solicitado em velocidades maiores, respondendo com reações seguras em qualquer circunstancia, o Toyota sempre se mostrou estável e confiável, mantendo a herança da marca de um compromisso muito interessante entre conforto, eficiência.
Se os dois veículos vêm com freios de disco na frente e tambor atrás, ambas as propostas com ABS e EBD (Antilock Brake System / Electronic Brake Distribuiton), itens de segurança hoje em dia fundamentais e imprescindíveis para a segurança, como controle eletrônico de estabilidade e de tração, apenas fazem parte do pacote do Toyota Yaris, no que representa então uma ausência importante para o modelo da Honda e especialmente quando falamos de veículos que têm preço de venda ao publico sugerido muito próximo.
E já que falamos no preço, vamos a eles. O Toyota Yaris tem preço anunciado de R$ 81.990, favorável em relação ao valor de referência no site da Honda para a versão EXL do WR-V, com preço sugerido de R$ 86.200.
A estes dados juntamos outro importante termômetro, as vendas no primeiro mês do ano de 2019.
Se o Toyota viu saírem das concessionárias 2890 unidades do Yaris HB, já a Honda patina nas 941 unidades vendidas. Com esse desempenho o Yaris foi o 19º veículo mais vendido do Brasil, enquanto o WR-V apenas apareceu na 43ª posição da lista da Fenabrave.
Talvez toda a descrição que fizemos dos dois modelos acabe por justificar os números. O WR-V nesta versão chega, em termos de preço, em territórios onde já podem ser adquiridos alguns dos mais populares SUVs compactos do Brasil, logo o brasileiro tem preferido fazer um upgrade e partir para propostas mais capacitadas, inclusivamente na marca, onde o HR-V é uma ótima referência.
As boas características, como a renovação estética que o deixou mais atraente, o bom espaço interno, ótimo acabamento, e até alguma capacidade para ultrapassar obstáculos no dia a dia, não parece ser suficiente para números mais expressivos no caso do veículo da Honda.
Já no caso do Yaris HB, nesta que é a versão mais completa do modelo, ele vem com alguns dos itens de segurança mais importantes do momento, mantem padrões da marca habituais como qualidade das peças e acabamento, tem espaço e, além disso, entrega mais um ótimo casamento, motor/câmbio, um conjunto que apesar de não ser novidade, foi muito bem trabalhado, entregando uma ótima dirigibilidade para o Yaris, com muita agilidade e até esportividade.
Buscando clientes que originalmente devem seguir conceitos diferentes no desejo do seu próximo carro, Honda WR-V e Toyota Yaris seguem caminhos naturalmente distintos através da sua essência, mas com o modelo da Toyota conseguindo entregar um pacote mais interessante.
Honda WR-V EXL Toyota Yaris XLS
Design 6 6
Espaço e Conforto 6 7
Conectividade e Tecnologia 7 6
Acabamento 7 7
Motor / Consumo 6 7
Transmissão 6 7
Suspensão 6 7
Direção 7 7
Freios 6 6
Segurança e Auxílios 6 7
Total 63 67