Reunimos os dois campeões de vendas do ano que acaba de terminar, aliás, liderança conjunta que se estende aos últimos três anos, e nos quais os modelos Chevrolet Onix e Hyundai HB20 foram as preferências do brasileiro na hora de ir à concessionária comprar seu carro novo.
Cada vez mais equipados e conectados, sem esquecer um olhar atento por parte das montadoras para o conforto e a segurança, estes modelos hatch, adjetivados de compactos, oferecem espaços internos cada vez mais amplos, e neles a qualidade dos materiais e o acabamento vem evoluindo de maneira notória, e talvez por isso mesmo, nos testes realizados com as mais recentes atualizações dos dois campeões, fica evidente toda a evolução que o segmento vem sofrendo.
Muito mais que comparar os dois produtos produzidos no Brasil, nossa ideia é levar até você, caro leitor, as razões de tanto sucesso para ambas as propostas, sabendo antecipadamente que estavam em nossa garagem as mais bem equipadas versões de ambos os catálogos, o LTZ do modelo da GM e a versão Premium do veículo da marca sul-coreana.
Ainda antes de falarmos especificamente dos produtos, referência para as 210.458 unidades comercializadas do Onix e 105.506 do HB20. A soma representa o total das unidades emplacadas em 2018, realçando que no caso do Onix são quatro (4) anos de liderança, e mais de um milhão de unidades produzidas no Brasil.
Olhando por fora, ambos são bem agradáveis em seus traços, o Onix carregando um pouco mais o peso dos anos, e o HB20 evidenciando as recentes atualizações onde o destaque é claramente a nova grade frontal do tipo colmeia e com moldura cromada. Os espelhos retrovisores externos são com ajuste elétrico para as duas opções e no caso do Hyundai com rebatimento automático. Os dois vêm também com faróis de neblina.
As duas opções são com para-choques e espelhos retrovisores na cor da carroceria, rodas de liga leve de 15" e dimensões muito próximas, 3.920 (mm) de comprimento no caso do HB20 contra os 3.933 do Onix. Já em relação às restantes referências são: largura de 1.680, altura de 1.470 e entre eixos de 2.500 no caso do HB20, e 1.705 (L), 1.476 (A) e ainda 2.528 de distância entre eixos no caso do modelo da GM.
Os números já indicam um veículo ligeiramente mais amplo no caso do Onix, mas o interior de ambos revela-se muito idêntico no espaço disponibilizado,no entanto, com uma liberdade maior para pernas e joelhos no banco traseiro no Onix. As duas opções são otimizadas ao máximo para permitir o transporte de quatro adultos com conforto. Já a utilização do espaço central do banco traseiro fica (bem) condicionado à estatura e largura do quinto passageiro. Esta situação é muito mais uma característica do tipo de veículo, compacto, e uma realidade que se estende para outras opções do mercado.
Mas ainda antes de entrar definitivamente no interior, finalizar nossa observação ao que as duas opções entregam no design. O caminho por soluções diferentes para o mesmo tipo de produto leva a Hyundai a entregar, em nossa opinião, um veículo mais “requintado”, onde a utilização do cromado em alguns pormenores, como maçaneta das portas, por exemplo, ou ainda a já comentada moldura da nova, e bonita, grade frontal, o que aliado a traços mais modernos, entrega um melhor resultado final para o HB20. Com isso a Hyundai tem mais um ou dois anos para trabalhar as vendas de seu modelo de sucesso enquanto não chega uma nova atualização. Já a Chevrolet promete a chegada do novo Onix já para 2019, numa interessante jogada para antecipar o natural declínio das vendas da versão atual após tantos anos de sucesso.
O perfil que interpretamos para ambos os modelos, e que observamos por fora, se estende para o interior, com o Onix a privilegiar itens que agradam a um público mais jovem, como conectividade (através de uma moderna central multimídia) e praticidade, aí incluindo o sistema de informação e interação da marca, o OnStar. Já o mais “conservador” HB20 realça o conforto através de itens como o pacote que inclui bancos, painéis das portas dianteiras e pomo da alavanca de câmbio em couro, além do encosto de braço para o condutor.
Os dois não esquecem itens fundamentais para o conforto, principalmente quando falamos de versões que são as topo de linha. Ar-condicionado, vidro elétrico nas portas dianteiras e traseiras com acionamento por "um toque", centrais multimídia incorporando navegadores e câmeras de ré, conectividade com smartphone e sistemas Apple CarPlay e Android Auto além do destaque na recente atualização do HB20 que é a TV digital.
Já com um olhar especial para as questões de segurança, as duas opções vêm com cintos de três pontos e fixação ISOFIX para cadeira infantil, airbag frontal, mas com o HB20 a adicionar a bolsa lateral de tórax. Também nos freios eles oferecem soluções idênticas, de série com disco na frente e tambor atrás, equipados com o imprescindível ABS e sistema de distribuição de frenagem (EBD), e suficiente para frear ou parar totalmente o peso dos dois veículos, 1.074 kg no caso do Onix, e um pouco mais leve, 1.040 kg, o HB20.
Ainda antes de falarmos do comportamento dinâmico, uma referência para o importantíssimo espaço do porta-malas, que devido a uma circunstancia muito comum no mercado brasileiro, tem aqui uma importância acrescida, o fato de estes veículos serem, numa grande maioria das vezes, o único carro da família, necessitando do máximo de espaço para bagagem. Se o porta-malas do HB20 entrega 300 litros de volume, já no caso do Onix é um pouco menor, 280 L, com a possibilidade em ambos os casos de ampliar este volume através da retirada da tampa e aproveitado o espaço até ao teto. Já na capacidade do tanque de combustível quem leva vantagem é o carro da GM, já que permite 54 litros de etanol ou gasolina, contra os 50 L do carro da Hyundai.
Se olharmos para as soluções mecânicas no papel, já conseguimos antecipar algumas das conclusões ao final da nossa experiência com ambos os modelos. Apesar de muitas semelhanças, como dimensões, tração dianteira, suspensão ou freios, outras questões condicionam o resultado final das propostas.
O Hyundai vem equipado com o motor de 1591 cm³, um bom 4 cilindros, 16V, DOHC e comando variável, que entrega 122 cv a 6.000 rpm quando abastecido com gasolina e 128 cv a 6.000 rpm no etanol. São 16 kgfm de torque a 4.500 rpm com gasolina e 16,5 kgfm a 5.000 rpm. Este motor trabalha em conjunto com o câmbio automático de 6 marchas e de configuração inteligente interpretando de forma muito interessante a pressão do pé direito no pedal.
Já no caso do Onix o motor é o conhecido e mais limitado 1.4L de oito válvulas, que entrega 98 cv com gasolina ou 106 cv com etanol. Para ambos os combustíveis a potencia máxima é disponibilizada nas 6000 rpm. O torque desta unidade que equipa a versão LTZ é de 13,0 mkgf com gasolina ou 13,9 com etanol e nas 4800 rpm.
Também o Onix vem equipado com uma transmissão automática de 6 velocidades, e nos dois modelos a troca de marchas pode ser realizada manualmente, no HB20 de forma sequencial na alavanca, e no veiculo da Chevrolet através do pequeno e pouco prático seletor de marchas na parte superior da alavanca. A opção por um ou outro modelo pode ser influenciada pelo conjunto mecânico, que deixa o HB20 mais ágil na cidade e também mais apto a encarar estradas e viagens que pedem alguma capacidade para manobras como ultrapassagens. Já se observada a questão do consumo de combustível o resultado é melhor no carro da GM, já que consegue médias (INMETRO) com etanol de 7,9 (km/l) e 9,7 para condução urbana e estrada, respetivamente, ou 11,6 (km/l) e 14,0 se abastecido com gasolina e nos mesmos perfis de utilização.
Já no caso do HB20 as médias são de 7,1 (km/l) e 9,4 (etanol) ou 9,9 (km/l) e 12,5 (gasolina) para cidade e estrada, respetivamente. Estes resultados refletem um pouco do comportamento das propostas, mais suave na evolução se sentado ao volante do Onix e permitindo uma condução mais dinâmica, se optando por dirigir o HB20.
Já a direção de assistência hidráulica é precisa em ambos os casos, no entanto, segue a tendência do conjunto mecânico, conseguindo a Hyundai um melhor equilíbrio entre giro rápido, leve e preciso, e com a necessária progressiva rigidez na medida em que subimos a velocidade.
A suspensão também tem soluções similares para os dois veículos, com as marcas a optarem pela configuração McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira, de qualquer modo o condutor sentirá diferença se avaliados os dois veículos, com a Hyundai a privilegiar o conforto, com uma passagem mais suave por irregularidades, e a Chevrolet com um acerto “mais duro” e menor tendência para inclinação da carroceria em curva.
Para fechar, falta uma informação importantíssima, especialmente porque é a observação inicial de muitas famílias, o preço. Se este fator pode condicionar uma compra em qualquer segmento e em qualquer faixa de preço, no segmento que vende mais carros no Brasil a disputa exige o máximo de conteúdo pelo menor preço, numa politica comercial que parece ter implicações nos resultados operacionais das empresas. A Chevrolet foi o centro de uma recente polêmica após internamente ser questionada a continuidade das operações da empresa no Brasil, motivo, a suposta baixa lucratividade de nosso mercado. A divulgação destas informações só pode significar que veículos de segmentos tão disputados como o dos chamados hatch compactos, onde Onix e HB20 se destacam, são pouco lucrativos para as montadoras, só assim se explicaria esta avaliação, precisamente após concluído o quarto ano de liderança consecutivo e expressivas vendas do seu modelo Onix, que fechou o ano vendendo o dobro de seu principal concorrente, neste teste também representado, e como referido no inicio de nosso texto com vendas do modelo da GM que já permitiram a produção de mais de um milhão de unidades no Brasil.
Resumindo, o preço sugerido para o HB20 na versão Premium com bancos de couro é de R$ 69.940, já no caso da versão mais completa do Onix, a LTZ, adicionando o pacote R7L vendido como opcional por R$ 5.600 e que inclui muitos dos itens descritos em nosso texto, o Chevrolet tem preço sugerido em torno de R$ 65.280, o que reflete uma diferença de praticamente R$ 5.000 entre as duas opções. Claro que no total das vendas de cada modelo são somadas as diversas versões do catálogo, incluindo naturalmente as iniciais de câmbio manual, LT 1.0 para o Onix, com preço de referência de R$ 47.090 ou no caso do HB20 a Unique por R$ 44.490.
Com características muito idênticas nas suas versões base, o HB20 leva vantagem técnica quando a opção é pelas versões mais caras, mas onde o maior preço pode eventualmente condicionar a escolha na hora de comprar. O soberano público mostra uma tendência para optar pela maior rede de distribuição e assistência da marca Chevrolet, com décadas de operação no Brasil e uma extensa rede de concessionárias, o que acaba por fazer diferença quando falamos em produtos com um grande volume de vendas, em que toda a operacionalidade da rede, que inclui rapidez na distribuição, assistência e disponibilidade de peças, por exemplo, acaba por influenciar na hora da compra.
Para fechar nosso texto, os dois produtos iniciam 2019 mantendo altos valores de revenda e continuam sendo muito desejados pelo publico brasileiro, no entanto os índices da Fenabrave em Janeiro, no que se refere a venda de veículos novos, indicam o crescimento da margem do Onix em relação aos seus seguidores e só o tempo poderá dizer até onde irá a hegemonia do modelo da GM.
CHEVROLET ONIX LTZ HYUNDAI HB20 1.6 PREMIUM
Design 6 7
Espaço e Conforto 6 7
Conectividade e Tecnologia 7 6
Acabamento 6 7
Motor / Consumo 6 7
Transmissão 6 7
Suspensão 6 7
Direção 6 7
Freios 7 7
Segurança e Auxílios 6 7
Total 62 69