O alvo de nossa atenção neste teste que percorreu mais de 800 km é a versão de apelo mais esportivo do tradicional e consolidado Toyota Corolla. Se o sedã médio da marca japonesa - líder absoluto do segmento - é um produto que tradicionalmente atrelamos a um cliente maduro, com família, onde a escolha privilegia a confiabilidade mecânica, o espaço e segurança, sempre existem os que além destes fatores pretendem um veículo de aparência mais esportiva e agressiva, e foi pensando em ampliar para este perfil de cliente que a Toyota decidiu trazer para o lineup do modelo a versão XRS, apostando especialmente em apêndices aerodinâmicos para marcar seu diferencial.
Previamente deixamos suas principais dimensões que são os 1.485 (mm) de altura, 4.620 de comprimento, 1.775 de largura e 2.700 de distância entre eixos. Como valores relevantes podemos ainda referir os 60 litros de volume disponibilizados no tanque de combustível e os importantes 470L de capacidade do porta-malas, espaço importantíssimo quando falamos de um veículo de vocação familiar.
Como referido, o grande diferencial desta versão pode ser visto por fora, são as saias esportivas (frontal, lateral e traseira). Além disso, destacamos a ponteira de escapamento cromada e o aerofólio traseiro com luz de freio em LED incorporado. As rodas são de 17" em liga leve e com acabamento na cor preto brilhante e onde são instalados pneus de medida 215 / 50 R17. Os espelhos retrovisores são elétricos, na cor da carroceria e incluem os indicadores de mudança de direção.
Antes de acessarmos ao interior, cabe aqui um elogio ao trabalho estético dos engenheiros da Toyota, que conseguiram transmitir ao modelo o toque de esportividade pretendido, sem perder a postura sóbria do modelo, mas mexendo o suficiente para que o Corolla chame a atenção, num equilíbrio nem sempre fácil de ser atingido entre esportividade e elegância.
Vamos então para o interior e a entrada no veículo é realizada pelo sistema de sensores na chave, o que permite a abertura das portas por aproximação. Imediatamente observamos o interior preto, bem como o revestimento dos bancos, que é em couro, acabamento ainda utilizado em parte da superfície das portas.
O volante é idêntico para as versões XEi, XRS e a Altis, inclui quatro comandos para acesso ao controle de áudio, computador de bordo, Bluetooth e telefone. A coluna de direção é regulável em altura e profundidade, assim como de forma manual é realizado o ajuste do banco do condutor, já que o ajuste elétrico de altura e distância é uma exclusividade da versão Altis (a mais completa em equipamento).
O ar-condicionado que equipa esta versão é digital, mas apenas “Single Zone”, ficando a versão “Dual Zone” disponível apenas para a versão mais completa da linha Corolla.
No mais o interior do modelo é idêntico para todas as versões, mantendo o pragmatismo da marca, sem grandes modernismos, mas tudo no lugar certo, priorizando o espaço e simplicidade. Por falar em espaço, no sedã médio da marca japonesa conseguimos transportar cinco adultos de estatura normal sem problemas de maior. Continuando nossa observação, o destaque fica por conta da central multimídia que vem com sistema multimídia Toyota Play com tela de LCD10 de 7" sensível ao toque e áudio compatível com DVD, CD-R/RW, MP3, rádio AM/FM, entradas padrão, Bluetooth, sistema de navegação, câmera de ré, e a sempre útil TV digital, uma boa característica da marca que mantem esta opção de entretenimento assim como DVD, com imagens de ambos os dispositivos apenas disponíveis com o veículo imobilizado, já o áudio é entregue mesmo com veiculo em andamento. O sistema de som, de qualidade, é distribuído pelo interior através de quatro alto-falantes e 2 tweeters.
Além disso, podemos observar no Corolla o descansa-braços dianteiro com dois compartimentos, diversos porta-objetos, espalhados pelo painel central, portas dianteiras, traseiras e no apoio de braço central no banco da segunda fileira. Resumindo, o interior não tem nada de inovador, mantendo um padrão seguido a muito para o modelo, onde é priorizada a consistência e integração das peças, sem grandes revoluções, mas que sem dúvida continua passando a sobriedade necessária para o perfil de cliente que escolhe o Corolla como seu veículo.
Ainda antes de iniciarmos o nosso teste dinâmico, que foi realizado ao longo de cerca de 800 quilômetros, referência para outra questão cada vez mais levada em conta na hora da compra de um veículo, o conteúdo no que diz respeito aos airbags. No caso do Corolla nesta versão XRS são sete as bolsas, frontais, laterais e tipo cortina e uma de joelho para o motorista. Também adicionados recentemente ao conteúdo do sedã médio japonês, e incorporados em todas as versões, os desejados controle de tração e estabilidade, tecnologias fundamentais para garantir altos níveis de segurança nos veículos modernos. Além disso, ele vem também com Hill Holder (Assistente de partida em rampa).
Através do botão Star/Stop damos partida ao motor 2.0 L 16 V com duplo comando de válvulas variaável. Motorização Flex que entrega 153 CV a 5.800 rpm, disponibilizando um torque de 20,7 Kgm.f nas 4.800. Pelos números deste motor fica claro que nada muda em relação ao que também é disponibilizado para as versões XEi e Altis. Trabalhando em conjunto com o ótimo câmbio Multidrive-S do tipo CVT com modo sequencial de sete velocidades e que disponibiliza paddle shift no volante, o Corolla não adiciona nada que lhe permita um comportamento esportivo ”extra” em relação aos seus irmãos de linha, no entanto isso por si só não é negativo, já que nosso sedã médio sempre se mostra disponível, com um motor que apesar de aspirado é rápido e eficaz após acionarmos o pé direito com mais intensidade. Como o trabalho de configuração do câmbio é muito bom, quase esquecemos o tipo de transmissão utilizada, pois o giro sobe de forma crescente e continua, com pequenas pausas que parecem indicar uma “passagem de marcha”, claro que não, afinal este é um câmbio CVT, mas no qual mais uma vez a Toyota realizou um excelente trabalho de acerto, no que se tornou um lugar comum quando falamos da marca. Cabe aqui um parêntesis para referir que podemos dar um pouco mais de vida ao Corolla através do botão seletor de modo de condução Sport, ou no caminho inverso optar por selecionar o modo ECO, que através de alterações no mapeamento do motor permite um pouco mais e economia e eficiência energética.
A “inteligência” vai desde os pequenos deslocamentos diários urbanos, onde o Corolla é suave e muito eficaz, permitindo médias de 10,3 km/l nos cerca de 250 km realizados no tráfego intenso de São Paulo e com o tanque sempre abastecido com gasolina. Já em rodovia, onde a média final conseguida pela nossa equipe foi de 12,4 km/l, decidimos realizar um teste de “fogo” ao Corolla, e percorremos 550 km em trechos menos simpáticos para a suspensão, escolhendo para isso a Rodovia Raposo Tavares num trecho que mais parece uma especial do Rally dos Sertões. Resultado? – Uma impressionante qualidade e capacidade na absorção das diversas irregularidades do piso. A solução McPherson na frente e eixo de torção na traseira, adicionado ao acerto na configuração do conjunto de molas e amortecedores, tornou o Corolla mais duro e eficaz em alta velocidade, mas sem perder a capacidade de absorver as irregularidades, sempre com o carro em contato com o solo e muito estável. Esse comportamento deixou-nos agradavelmente surpreendidos, entregando níveis elevadíssimos de segurança e controle do veículo, e ainda permitindo observar o baixo índice de ruídos que entram na cabine, proporcionando assim um ótimo resultado também no conforto interno para os passageiros.
Hora de falar dos freios que são de disco ventilado na frente e discos sólidos atrás, com ABS: Anti-lock Braking System ou Sistema de Freio Antitravamento, EBD: Electronic Brakeforce Distribution (Distribuição Eletrônica da Força de Frenagem) ou ainda o BAS: Brake Assist System (Sistema de Assistência a Frenagem). Todo o conjunto mostrou ser muito eficiente nas mais diversas situações ao qual foi submetido, mostrando toda a capacidade para frear ou deter os 1.345 kg de peso da versão XRS, curiosamente a mais pesada de todas elas. Obviamente quanto mais conteúdo, mais peso, e assim se explica a diferença de 5 kg em relação à versão Altis (1.340 kg), pelas saias e apêndices aerodinâmicos que foram adicionados na nossa versão.
Ainda antes de finalizarmos nossa avaliação ao comportamento dinâmico do Corolla XRS, mais palavras elogiosas para a qualidade do sistema de direção (eletro assistida progressiva) que sempre se mostrou muito precisa, tanto em manobras urbanas, como na necessária eficácia em velocidades maiores.
Terminamos nossa matéria falando um pouco dos impressionantes números do Corolla no Brasil, ele terminou o mês de Outubro com 5 928 unidades saídas das concessionárias, o que totaliza 48 857 unidades emplacadas ao longo do ano, posicionando o modelo no 10º lugar do ranking das vendas em 2018, números informados pela Fenabrave até final do mês 10 e que não deixam de ser impressionantes pela vitalidade.
Resumindo, o Corolla XRS, com preço sugerido atualmente de R$ 111.990 é uma versão que veio dar um pouco mais de jovialidade a um modelo tradicionalmente mais identificado com um público mais maduro. Sem novidades em termos mecânicos, o que acaba por ser uma receita interessante, pois ele entrega as virtudes que fazem do Corolla um sucesso, e onde destacamos entre outros aspectos, a confiabilidade mecânica, o espaço, a baixa manutenção e ainda o preço de revenda, mas adicionando a tudo isso uma proposta mais apelativa esteticamente. Ou seja, de forma inteligente e sem mexer muito, a marca amplia o leque de possíveis clientes para seu produto, num segmento em que apesar da marca dominar de forma consistente vão surgindo propostas cada vez mais tecnológicas, conectadas e agressivas.
Toyota Corolla XRS
Design 7
Espaço e Conforto 7
Conectividade e Tecnologia 7
Acabamento 8
Motor / Consumo 7
Transmissão 8
Suspensão 8
Direção 8
Freios 8
Segurança e Auxílios 8
Total 76