O Renault Kwid chegou ao mercado brasileiro recentemente, e com ele a marca francesa iniciou sua ofensiva no segmento de carros direcionados a uma utilização preferencialmente urbana. Pequenos por fora, mas de aproveitamento generoso do espaço interior, eles têm que ser econômicos na hora da compra, e de baixo consumo, incorporando alguns dos itens básicos de segurança e também soluções em relação ao que se convencionou chamar de conectividade, assim é o padrão do carro urbano moderno que pretende ser competitivo.
Apostando nesta difícil missão de trazer para o mercado brasileiro um veículo que conseguiria reunir estas características e fazer frente a modelos como Chery QQ, Volkswagen UP ou Fiat Mobi, a Renault fez desembarcar no Brasil o Kwid, um veículo subcompacto, de espírito especialmente aventureiro e design moderno.
Foi assim com muita expectativa que recebemos em nossa garagem o Renault Kwid, um dos principais lançamentos de 2017 no mercado brasileiro, e com ele percorremos algumas centenas de quilômetros em seu habitat natural, a cidade.
Iniciando nossa observação externa fica claro que os engenheiros da Renault foram felizes no resultado final em termos estéticos. Na frente o destaque é a grade que nos remete ao Duster, já na traseira, é evidente a inspiração em seu irmão maior, o Captur. Utilizando de forma muito sutil e sem exageros o plástico, o Kwid tem contornos de para-lamas neste material, e que de forma elegante se prolongam aos para-choques, tanto frontal como o traseiro. O Kwid chegou com a “etiqueta” de ser o SUV dos Compactos, por isso sua estética reflete este posicionamento mais irreverente e se apresenta um pouco mais alto que seus concorrentes, com 180 mm de distância em relação ao solo. Ainda como referências importantes destacamos seus ângulos de ataque, 24° de entrada, e 40° de saída, o comprimento total de 3.680 mm, entre-eixos de 2.423 mm, 1.579 mm de largura e 1.474 mm de altura.
Ainda antes de passarmos para o seu interior, destacamos os para-choques que são da cor da carroceria, e as rodas, de aro 14”, esteticamente muito agradáveis. Ou seja por fora o Kwid não esconde suas reduzidas dimensões, no entanto o faz com um design moderno e agradável.
Por dentro o Kwid dá continuidade a uma proposta muito interessante, com aproveitamento muito correto do espaço, embora o banco traseiro seja muito mais para duas pessoas, que as três que mostram o número de encostos de cabeça no banco traseiro. Nunca podemos esquecer que estamos a falar de um veículo de dimensões bastante reduzidas, com 898 mm de altura na cabine, ao mesmo tempo essa limitação de espaço é sua principal característica, a que faz dele tanto a opção para um segundo carro da família, o mais prático no apertado transito das cidades, ou ainda o carro zero para famílias que vêm nele a opção para seu primeiro veículo. O porta-malas reserva generosos 290 L de espaço disponível, que pode ser expandido para 1.100 L se rebatidos os bancos da segunda fila.
Com três versões que divergem muito principalmente pelo equipamento disponibilizado, a versão que a Revista Publiracing utilizou para nosso teste foi a mais completa delas, a Intense.
Nesta versão o Kwid vem equipado com alguns dos mais importantes itens para garantir um dia a dia, seguro, divertido, conectado e confortável.
Os bancos são em tecido, e ele vem equipado com ar-condicionado, central multimídia com tela de sete polegadas ( não cansamos de referir que esta central da Renault é uma das mais práticas no mercado), navegador, câmera de ré, e vidros dianteiros elétricos. Na versão Zen, assim como na testada por nós, faz parte do pacote o limpador do vidro traseiro.
Logo na versão de entrada, o Kwid disponibiliza além dos obrigatórios airbags frontais, também os laterais, uma exclusividade bastante interessante no segmento, e na lista de itens de segurança destaque ainda para o sistema de fixação Isofix (2) para assentos infantis.
Fica claro que o pacote nesta versão testada é muito completo. No entanto as versões que já vêm tomando a linha de frente como opção preferencial dos brasileiros, e até no seguimento do que já era esperado pela marca, são as versões com preço mais acessível na concessionária que se destacam. A explicação fica por conta naturalmente do preço, muito competitivo principalmente na versão de entrada, R$ 29.990,00, mas também porque a Renault decidiu que todas as versões vêm equipadas com o mesmo pacote mecânico.
Hora então de dar partida ao motor e conhecer não só suas características, mas principalmente seu comportamento.
O motor Flex é o SCe de três cilindros em linha com 999 cm³, 12V, e potência anunciada de 66 cv a 5.600 rpm se abastecido com gasolina, ou 70 cv a 5.500 rpm se abastecido com etanol. O torque é de 9,4 kgfm a 4.250 rpm (gasolina) e 9,8 kgfm a 4.250 rpm (etanol).
O motor funciona em conjunto com a caixa de câmbio de cinco velocidades manual, como referido, um conjunto mecânico idêntico para as três versões disponibilizadas. O motor mostrou uma agilidade surpreendente, no entanto não deixa de evidenciar seu reconhecido som característico dos três cilindros, algo que continua a ser incomodo para alguns, quando muito evidente.
O Kwid apresentou um comportamento que nos surpreendeu. Mostrou agilidade nas reações, e sua direção elétrica permite manobras precisas e rápidas. A suspensão um pouco mais elevada é do tipo MacPherson na dianteira e eixo de torção na traseira, numa solução que podemos considerar tradicional para este segmento de veículos. Seu comportamento é naturalmente focado na absorção das imperfeições de nossas ruas, sem permitir no entanto aventuras mais radicais no off-road.
O DNA do Kwid é urbano, permitindo deslocamentos diários seguros, com agilidade e economia de combustível. Com nosso pequeno crossover sempre abastecido com etanol a média conseguida em nosso teste urbano foi de 10,5 km/l o que podemos considerar muito positivo e apesar de seu tanque ser de apenas 38 litros, sua eficiência evita visitas mais regulares ao posto.
Com um peso naturalmente baixo, de apenas 786 kg, o nosso Kwid não apresentou qualquer tipo de problemas no sistema de freios. Configurado com discos sólidos na frente e tambor atrás, se mostrou sempre eficiente, transmitindo segurança e capacidade. E fazemos esta referência especifica, pois a Renault já por duas vezes, desde o lançamento do Kwid no Brasil, teve que suspender a entrega dos modelos da sua extensa lista de pedidos, com o objetivo de realizar alguns ajustes neste componente.
Estas duas pausas diminuíram o numero de emplacamentos nos últimos dois meses, volume de pedidos que havia disparado desde o momento em que foi disponibilizada a pré-venda do modelo. Normalizando as entregas do veículo que é fabricado no Brasil em São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba, a Renault vai voltar a posicionar o Kwid como um dos principais destaques em vendas ao longo dos próximos meses.
Como conclusão o Renault Kwid é um carro de ótima dirigibilidade, em que o motor de apenas três cilindros 1.0 não é um handicap, segue uma tendência mundial, e se mostra elástico, ágil e principalmente econômico. O câmbio manual de cinco velocidades se encaixa na perfeição na proposta, e o espaço interior permite viagens diárias confortáveis, em que o difícil trânsito de uma cidade como São Paulo pode ser vencido com conforto e sempre conectado.
Vendido por R$ 40,490,00 na versão Intense, ela não é a preferência na hora da escolha, principalmente pelo seu preço que se aproxima de uma lista mais vasta de opções, que chega inclusivamente muito próximo do seu irmão maior, o Logan, um sedan compacto mais amplo e vendido nas concessionárias da marca na versão Authentique por R$ 45.700,00.
A versão Zen do Kwid, a intermediária, é vendida por R$ 36.490,00 sendo precedida pela versão de entrada a Life por R$ 29.990,00.
Com estas três versões a Renault inicia com o Kwid sua ofensiva na fatia de mercado ocupada pelos veículos também chamados de subcompactos, preferencialmente urbanos, e que no caso do pequeno francês, além de uma ótimo conjunto mecânico, é uma proposta bem ao gosto do brasileiro, com “perfume” de SUV, oferecendo um posicionamento mais alto dos passageiros e incorporando um estilo mais aventureiro. Para nós a melhor proposta do ano neste segmento já tem dono e ele é o Kwid.