Lançado no ano das olimpíadas, o Nissan Kicks rapidamente caiu no gosto dos brasileiros. Em 2016 ele chegava até nós em versão única e importada do México. Já em 2017 e seguindo seu plano para o modelo no país, a marca japonesa iniciou a produção do Crossover na sua fábrica em Resende. Com o inicio da produção, a Nissan decidiu ampliar sua linha que conta agora com a versão mais completa testada pela Revista Publiracing em 2016, a SL, as iniciais, S com as opções de câmbio manual ou CVT, e ainda a que passamos a avaliar agora, a SV.
Com isso a Nissan amplia o perfil de clientes para este veículo, mas mantem como única opção de motorização o propulsor de 1598 cm³ com 114 cv.
Como referido, a versão avaliada pela nossa equipe é a SV que em relação à SL perde os air bags laterais e de cortina, que passam a ser opcionais, a Câmera 360°, o controle inteligente de freio-motor (Active Engine Brake), controle inteligente em curvas (Active Trace Control), detector de objetos em movimento (MOD) e ainda o estabilizador de carroceria (Active Ride Control). Além disso, um quesito em que a Nissan se preocupa bastante, o som, e que tem na versão SL seu esquema mais completo com 4 alto-falantes e 2 tweeters, perde na nossa versão os dois Tweeters.
Após esta breve introdução momento de nosso giro de 360° observando o Nissan Kicks. Por fora nada muda nas duas versões SL e SV, mas sim no caso do modelo disponibilizado pela Nissan para nossa avaliação. Ele se tornou um ótimo exemplo de como fica ainda mais agressivo e esportivo o Kicks com um conjunto de acessórios disponibilizado individualmente pela marca em suas concessionárias.
A cor é o Preto Premium, uma das seis opções disponibilizadas pela marca para esta versão. São destaque as rodas de liga leve 17" e pneus 205/55 R17, os retrovisores externos na cor do veículo com regulagem elétrica e indicador de direção de LED. O Rack de teto longitudinal na cor prata é comum a todas as versões, e os para-choques frontais e traseiros são da cor do veículo assim como as maçanetas externas de abertura das portas.
Grande destaque na frente é a grade frontal com acabamento cromado que remete imediatamente para a imagem de marca da Nissan. Mas nossa versão traz muito mais. Como referido na nossa unidade destacamos os acessórios que tornaram o modelo ainda mais fotogênico.
Chama a atenção o aerofólio, a moldura para os para-choques dianteiro e traseiro, e ainda atrás, o spoiler e a ponteira de escapamento. Visível nas portas da frente o friso na cor do veículo com o logo cromado KICKS. Também o tapete-bandeja de porta-malas, ótimo para uma limpeza muito mais fácil, especialmente para quem transporta seus amiguinhos animais. Continuando na descrição dos acessórios, referência para a trava de rodas antifurto, e direcionada para o cliente mais radical, o protetor de cárter reforçado.
O acesso ao interior é feito sem o uso da chave, já que o Kicks utiliza o sistema de chave inteligente presencial (I-Key). Já no habitáculo observamos o acabamento de couro nos bancos e nos detalhes das portas, o que também é opcional para a versão SV e de fábrica na SL.
Sistema eletrônico de ignição (botão Push Start), vidros dianteiros e traseiros elétricos com sistema "one touch" e antiesmagamento, e o volante, que tem acabamento em couro, pode ser ajustado em altura e profundidade, e onde são disponibilizados os controles para computador de bordo, e ainda de áudio e telefone.
O interior do Nissan Kicks é muito agradável. Sólido, sóbrio e elegante é responsável pelo bem estar do condutor e dos passageiros. É fácil conseguir uma ótima e confortável posição para dirigir, conforto que também não falta para passageiros, tanto na frente como atrás.
É destaque ainda no painel do Kicks a bem posicionada tela touch screen colorida de 7" integrada ao rádio e com câmera traseira. Aqui, merecido destaque para a qualidade dos materiais utilizados no painel e portas. Seu acabamento e integração das peças exemplificam da melhor forma o que já observávamos em outros produtos da marca produzidos no Brasil, a excelência do trabalho realizado em Resende (RJ) de onde saem também o March e o Versa.
Hora de dar partida ao motor 1.6 l (1.598 cm³), 16 válvulas, bicombustível de 4 cilindros e que segundo a marca disponibiliza 114 cv a 5.600 rpm, tanto a gasolina como etanol.
Sem alterações em relação a versão SL avaliada por nós em 2016, ele mostra limitações em determinadas circunstancias mais exigentes, que pedem retomadas ou momentos de aceleração mais acentuadas, como ultrapassagens, por exemplo. No entanto é um motor de muita qualidade técnica e que se adapta perfeitamente ao câmbio CVT, sendo também responsável pela ótima eficiência do conjunto mecânico. Seu torque de 15,5 kgfm a 4.000 rpm, o que mostra um pouco do perfil limitado da motorização, que se adequa na perfeição a uma utilização urbana, oferecendo uma mecânica dócil e eficiente em termos energéticos, o que agrega mais uns pontos no conforto geral.
Nas versões equipadas com o câmbio XTRONIC CVT, a função “Sport” permite um pouco mais de “pegada”, no entanto não espere nada de muito surpreendente.
Com mais algumas centenas de quilômetros dirigindo o Nissan Kicks, confirmamos o ótimo comportamento do conjunto suspensão/amortecedores do veículo de tração dianteira. A configuração Independente, tipo McPherson com barra estabilizadora na frente, e eixo de torção atrás, entrega um equilíbrio muito satisfatório entre conforto e eficácia em curva. Aliás, o Kicks proporciona uma clara sensação de segurança, muito por conta do seu centro de gravidade baixo (200 mm, altura livre em relação ao solo) e principalmente se comparado com seus concorrentes. O kicks tem 4.295 mm de comprimento, 1.760 mm de largura, 1.590 mm de altura com 2.620 mm de entre-eixos. Com ângulo de ataque de 20° e de saída de 28°, ainda menores na nossa versão por conta dos apêndices aerodinâmicos, logo deixamos de lado qualquer intensão mais aventureira.
Mais sensações positivas surgem quando necessitamos recorrer aos freios. O sistema ABS de 4 canais e 4 sensores com controle eletrônico de distribuição de força (EBD), é composto por discos ventilados na frente e tambores atrás. Muito elegante na balança, o Kicks pesa apenas 1.132 kg (em ordem de marcha) o que auxilia no já referido ótimo desempenho dinâmico, pois sempre que solicitados os freios, eles se mostraram perfeitamente capacitados para frear ou parar o Kicks em total segurança. Seu peso leve ainda ajuda a equiparar o crossover japonês com a concorrência em termos de capacidade do conjunto, já que com um motor menos potente, ele recupera essa diferença através da economia de peso, com isso sua relação cv/kg se equipara principalmente em relação a seu principal concorrente, e com motor igualmente 1.6, o Creta da Hyundai, mais potente, mas também com praticamente 200 kg a mais.
Mais palavras elogiosas para a direção elétrica com assistência variável, suave quando a baixa velocidade, ela mantem a necessária precisão e eficácia em velocidades maiores.
Já no final de nosso teste, e sempre abastecidos com etanol no pequeno tanque de 41 litros, nossa média de consumo foi de 7,9 Km/l na cidade, chegando a 9,4 Km/l em estrada.
Mas ainda antes de terminarmos, algumas informações sobre o desempenho do carro nas concessionárias. Com 2428 unidades emplacadas em Julho, e crescimento substancial em Agosto com 3469 unidades e coincidindo com um mês bom para o setor, a marca totaliza 18 707 unidades vendidas ao longo de 2017, em dados contabilizados pela Fenabrave até final do mês de agosto, último mês completo antes de fecharmos nossa matéria.
Nossa versão tem preço sugerido nas concessionárias de R$ 86.990,00 e se adicionado o pacote PLUS, que oferece acabamento dos bancos e detalhes das portas em couro além de airbags frontais, laterais e de cortina, o preço vai para R$ 89.990,00. Em relação a unidade testada por nós temos ainda que adicionar o custo dos acessórios que foram descritos na nossa matéria e que são vendidos individualmente nas concessionárias da marca.
Como conclusão, referir que a relação preço qualidade do Nissan Kicks, especialmente nesta versão SV, o coloca de forma muito competitiva como uma das melhores propostas do mercado, superando Hyundai Creta, Jeep Renegade, e Ford Ecosport, por exemplo. Em relação ao carro sul-coreano a disputa é muito equilibrada, mas pormenores como a estética mais moderna e lista de equipamentos mais completa, fazem do Kicks uma ótima proposta com este tipo de motor. No entanto, gostaríamos de ver uma versão do Kicks com o motor 2.0, lhe dando mais capacidade, o que seria uma ótima versão TOP da linha Kicks. Não sabemos se isso tecnicamente é possível, ou até mesmo viável em termos financeiros para a marca, mas que tornaria a linha mais completa e equiparada, para fazer frente precisamente ao Creta, que oferece também versão com motor 2.0 ou ainda ao Traker da Chevrolet, que vem equipado com um motor 1.4 Turbo de irresistível pegada. Não podemos esquecer que sempre tem quem goste de mais recursos no seu dia a dia, e uma versão com um motor mais “encorpado”, mesmo sabendo que o DNA do Kicks é urbano, deixaria a linha mais completa.
Quem sabe numa futura mexida a Nissan faz esta surpresa ao mercado.
Fotos Revista Publiracing