A West Japan Railway Company (Grupo JR-West) adquiriu 33,9% da Odebrecht Mobility, do Grupo Odebrecht que, entre outras empresas, é responsável pelo novo sistema VLT no Rio de Janeiro. A informação é de Go Hirano, gerente chefe do grupo japonês em palestra de abertura da Semana de Tecnologia Metroferroviária, que está sendo realizada de 13 a 16 de setembro, no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo (SP).
Assim, esse grupo criado em 1987, para operar o sistema ferroviário e as estações da região oeste do Japão, ingressa no mercado brasileiro e onde já mantém contrato de cooperação técnica com a Supervia, responsável pelos trens de subúrbio do Rio de Janeiro (RJ).
Go Hirano fez a Conferência de Abertura: Estratégias de Negócios não ferroviários do Grupo JR-West e contou que o grupo obtém 55% da sua receita no ramo imobiliário, ou seja, a receita do transporte é menor do que os empreendimentos associados e que representam 48% do lucro.
Segundo Hirano, a crise econômica dos últimos oito anos no Japão tem provocado queda nas vendas do comércio, fechado lojas e, por isso, reduzido os lucros. Além disso, acrescentou, a população do País vem diminuindo, em especial na faixa produtiva.
O Grupo, no entanto, só tem crescido e a estratégia está em recuperar e buscar a expansão de áreas degradadas ou mal aproveitadas, como em terrenos onde hajam trilhos inativos, proximidades de estações.
Explica, que o grupo adquire essas áreas e apresenta às prefeituras projetos de expansão, como construção de shopping-centers, hospitais, lojas de departamentos, supermercados, hotéis, prédios de escritórios, clínicas, entre outros. Se os projetos forem aprovados – “em geral o poder público requer áreas livres”, ressalta – o grupo constrói com parceiros, aluga e administra. Hirano cita, por exemplo, a parceria com a Seven Eleven, que tem uma cadeia de lojas no Japão e que desde 2014 registrou aumento de 50% nas vendas, graças esta junção.
No começo, o grupo herdou ativos das ferrovias e os aproveitou, construindo prédios de apartamentos e outros venderam. Os empreendimentos próximos às estações de trem trazem outros benefícios à empresa como o aumento do número de passageiros nos trens.
Um dos investimentos mais recentes foi a participação de um projeto de desenvolvimento em Osaka em terreno de 84 mil metros quadrados com outras empresas para dois prédios residenciais que ficou pronto na primavera deste ano e já está habitado.
Escolha da tecnologia apropriada
O engenheiro alemão Kurt Rieckhoff, consultor ferroviário do Banco de Desenvolvimento KfW, da Alemanha, mostrou na sua conferência na tarde de ontem as diferentes tecnologias para integração do transporte sobre trilhos em áreas urbanas e regiões metropolitanas. O banco KfW junto com o governo alemão mantém, segundo Rieckhoff, um acordo de cooperação com o Banco Nacional de Desenvolvimento – BNDES para as áreas de transporte e de mobilidade urbanas.
A decisão sobre uma ou outra tecnologia para transporte público de passageiros de uma cidade requer além de estudos técnicos, decisões que visem o longo prazo, o enfrentamento de grupos de pressão, embora os clientes devam ser os principais atores para escolher o transporte bom e seguro. Contribuem ainda na escolha os financiadores, os fornecedores de equipamentos, de manutenção e de suporte técnico. A decisão também deve contemplar a preservação ambiental, aproveitamento de estruturas antigas ao invés de construir tudo novo.
A integração entre os sistemas também deve atender ao conforto e conveniência dos passageiros e citou casos em que a transferência de linha é feita pelo trem, como já existe em Frankfurt, na Alemanha em que um sistema que funciona com corrente contínua passa a corrente alternada, como em Karsruhe.